quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Seul limpa rio poluído em tempo recorde


Seul limpa rio poluído em tempo recorde

Cheonggyecheon e Tietê são muito parecidos, quase primos. Dois rios que
cortam duas grandes metrópoles, Seul e São Paulo; dois rios extremamente
poluídos, símbolos da degradação das cidades e do desenvolvimento a
qualquer custo. Ambos receberam milhões de dólares para serem
revitalizados. Aí começa a diferença: além dos milhares de quilômetros

que separam Cheonggyecheon e Tietê, um deles foi totalmente revitalizado
em apenas quatro anos e hoje tem cascatas, fontes, peixes, crianças
brincando e jovens se divertindo. Já o outro está há 16 anos esperando
sua limpeza, sem vislumbrar quando de fato isso irá acontecer.

O governo de Seul iniciou o que se pode chamar de renascimento do
Cheonggyecheon, no coração da capital sul-coreana, em julho de 2003. Por
sobre o fétido canal havia um enorme viaduto, quase um Minhocão, que foi
implodido. A revitalização integrou projeto de nova política de
transportes públicos para uma cidade sustentável.

Gyengchul Kim, diretor do Instituto de Desenvolvimento de Seul, contou
que os governantes adotaram, a partir de 2002, medidas em favor da
utilização de ônibus e metrô. O caso mais emblemático foi a derrubada
do
viaduto sobre o leito do Cheonggyecheon. Em lugar da obra, construída em
1960, foi iniciada sua revitalização, com um parque linear para
recreação e atrações culturais.

O curso d'água recebeu peixes e vegetação. Foram erguidas fontes
luminosas que se tornaram pontos de visitação. A temperatura em Seul, em
virtude das melhorias no meio ambiente proporcionadas pelo novo
Cheonggyecheon, diminuiu 3,6°C, indo de 36,3°C para 32,7°C. Tudo ao
custo de US$ 370 milhões na época (hoje algo em torno de R$ 700
milhões).

Vencido o desafio, a restauração dos 5,8 quilômetros do rio teve impacto

econômico positivo para a cidade. Segundo representantes da Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), sediada em Paris,
foi criada uma outra imagem da Coréia do Sul, contribuindo para a
promoção do país no mercado internacional e para a atração do capital
estrangeiro. "Seul deve descartar os excessos do desenvolvimento e se
tornar ecologicamente correta, para prosperar. Pense diferente,
eco-eficientemente. Não para mais carros, mas sim pelas pessoas", disse
Kim.

O rio sul-coreano era responsável pela drenagem das águas de toda a
cidade, com mais de 10 milhões de habitantes. No auge do
desenvolvimento, o leito se tornou poluído. A calha principal acabou
parcialmente aterrada e agora reaberta. Hoje, as águas que correm por lá
são bombeadas do Rio Han.

Aqui, o programa de despoluição do Tietê já custou US$ 1,5 bilhão, ou
quase R$ 3 bilhões aos cofres do Estado, desde sua implementação em
1992. Tantos gastos e esforços, e a sensação que se tem é que a
poluição
continua cada vez maior.

O Tietê, quando atravessa os municípios da Grande São Paulo, recebe uma
infinidade de esgotos, efluentes industriais e lixo. O engenheiro Julio
Cerqueira Cesar Neto, da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e

Ambiental, estima que sejam despejados nos rios e córregos da capital
cerca de 39 mil litros de esgoto in natura por segundo, que de certa
forma acabam no Tietê.


Arminda Jardim
ISA - Instituto Socioambiental
Programa Mananciais
arminda@socioambiental.org
Tel 11 3515 8971
Fax 11 3515 8904


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