terça-feira, 31 de julho de 2007

Multiuso da água e educação ambiental

Lauro Charlet

INTRODUÇÃO

Apesar da água cobrir quase dois terços da superfície do planeta, a sua escassez tem sido apontada como um dos problemas mais preocupantes para este novo milênio. A demanda por água está rapidamente esgotando o suprimento, fato que pode ser atribuído à razões, como: má administração dos recursos hídricos, aumento da população, ineficiência e desperdício de água em irrigação, uso inadequado das terras e desmatamento. Em adição, podem ser citados também a super-exploração dos rios e águas subterrâneas, a poluição e o desenvolvimento errático das cidades, que são fatores igualmente preocupantes. Diante dessa realidade, surgem perguntas como: já usamos água da geração futura? Como equacionar problemas de escassez de água? Disponibilidade hídrica é sinônimo de acesso à água? Como aumentar a produtividade de água? Na verdade, a utilização sustentável dos recursos hídricos passa necessariamente pelo conhecimento das potencialidades e pela gestão racional dos mananciais disponíveis. Este contexto contribuiu para a definição do objetivo deste trabalho que foi analisar o multiuso de água e a educação ambiental, sob a ótica de um ensaio teórico.

METODOLOGIA

Para este ensaio teórico, os critérios metodológicos basearam-se inteiramente no levantamento de dados e informações disponíveis, a fim de permitir uma reflexão e análise objetivas sobre as potencialidades, riscos e alternativas relacionados com o uso e manejo do recurso natural água. Neste contexto, foram considerados também os princípios básicos da educação ambiental, conforme a Agenda 21, em seu Capítulo 18 – “Proteção da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos Hídricos: Aplicação de Critérios Integrados no Desenvolvimento, Manejo e Uso dos Recursos Hídricos” (Martins, 2002).

DESENVOLVIMENTO
O Brasil possui uma das maiores reservas hídricas do mundo. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, cerca de 15% da água doce superficial disponível no planeta estão em ambiente brasileiro. Essa disponibilidade, de modo geral, é utilizada para fins múltiplos, tais como:
a) Abastecimento Público: destinada às necessidades de alimentação, higiene pessoal e doméstica, além de usos públicos na lavagem de ruas e calçadas, extinção de incêndios, jardins públicos, chafarizes e fontes ornamentais. O desenvolvimento urbano envolve dois eixos conflitantes, pois de um lado há o aumento crescente de demanda de água com qualidade e, de outro, promove a degradação de mananciais por contaminação, via resíduos domésticos e industriais.
b) Usos Agrícolas e Pecuários: maior uso refere-se à agricultura, com 69% do total, ficando o uso industrial com 23% e o abastecimento com o uso de apenas 8%. Este uso elevado de grande volume de água na agricultura, deve-se fundamentalmente à irrigação, que carece de seleção de métodos adequados, bem como de maior eficiência na sua utilização. A irrigação no Brasil representa aproximadamente 70% do uso consuntivo total de água. O potencial irrigável do Brasil é estimado em 29 milhões de hectares. Em algumas regiões do Brasil, já ocorrem graves conflitos envolvendo não só a irrigação e outros usos, como também disputas entre irrigantes (Agenda 21 Brasileira).
c) Usos Industriais: na indústria a água é utilizada como matéria prima na geração de vapor e na refrigeração de sistemas térmicos.
d) Pesca e Aquicultura: a pesca é afetada pela poluição decorrente de atividades industriais, agrícolas e domésticas. A pesca indiscriminada também causa impactos, tanto nos casos de desrespeito aos tamanhos mínimos permitidos, ou épocas de defeso, quanto pelo uso de equipamentos inadequados na pesca seletiva.
e) Geração de Energia: no Brasil há o privilégio da existência de numerosos rios encachoeirados e de grande vazão. A energia produzida nas usinas hidrelétricas é renovável, graças ao ciclo hidrológico. E o custo de manutenção e de operação de hidrelétrica é bem inferior comparado ao da termelétrica. A energia elétrica atende a cerca de 92% dos domicílios no país. A energia hidrelétrica responde por cerca de 97% do total da energia gerada. A capacidade de geração de energia hidrelétrica instalada é de 57.640 MW. O potencial hidrelétrico brasileiro é estimado em 258.686 MW, dos quais 20% já foram explorados (Agenda 21 Brasileira).
f) Turismo e Recreação: os corpos d’água oferecem múltiplas alternativas de turismo e recreação, como atividades de natação e esportes aquáticos, além da pesca e navegação esportiva. As propriedades mais próximas aos corpos d’água são mais valorizadas, porém os problemas de poluição prejudicam rios e lagos, comprometendo os recursos paisagísticos e também o valor das propriedades de seu entorno.
g) Navegação: no interior do Brasil a navegação teve sérias dificuldades para se desenvolver, dada as condições geográficas e topográficas. Com exceção da bacia amazônica, a maioria dos rios brasileiros apresenta desníveis acentuados, permitindo a navegação apenas em pequenos trechos. O sistema de navegação em águas doces computa cerca de 40.000 km de rede hidroviária, da qual 26.000 km são precariamente navegáveis. As principais hidrovias encontram-se nas bacias: Amazônica (18.300 km), Nordeste (3.000 km), Tocantins/Araguaia, ainda em projeto (3.500 km), São Francisco (4.100 km), Leste (1.000 km), Tietê/Paraná (4.800 km), Paraguai (2.800 km), Sudeste (1.300 km) e Uruguai (1.200 km). Em 1996, do total de cargas transportadas no Brasil, foi transportado 1,5% pela navegação fluvial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da análise e reflexão sobre o multiuso da água permite afirmar que, de modo geral, a água é tratada como se fosse um recurso abundante e infinito, quando na verdade trata-se de um produto esgotável, frágil e, em alguns casos, já se apresenta como escasso.
Há inúmeras alternativas sendo sugeridas e outras implementadas , com vistas a conservação dos recursos hídricos. Entre estas, podem ser citadas: o aumento de preço da água nas cidades e nas agroindústrias, afetaria a maneira como todos os usuários encaram sua utilização, ou seja, seria uma medida para o uso mais eficiente da água (Silva, 1995); outras medidas seriam a concessão de incentivos para aqueles que fazem o reuso, o barateamento dos sistemas de tratamento e a maior divulgação de técnicas de uso sustentável, os quais funcionariam como instrumentos fundamentais para a conscientização sobre a utilização correta da água (Steinhoff, 1995).
Há inúmeras outras propostas e sugestões, contudo acredita-se que a melhor delas deve passar antes pela educação ambiental, que juntamente com uma legislação ambiental, atualizada e ajustada às condições locais e regionais, podem verdadeiramente imprimir mudanças comportamentais e nos valores de cidadania, promovendo ativamente o uso sustentável da água, com sua proteção e melhoria do meio ambiente.

Ajudando a construir uma Educaçao Ambiental

http://www.repea.org.br/

Foi muito bom participar dessa construção.

Resgatar o coração ( Leonardo Boff )

Seguramente a crise ecológica global exige soluções técnicas, pois podem impedir que o aquecimento global ultrapasse 2 graus Celsius, o que seria desastroso para toda a biosfera. Mas a técnica não é tudo nem o principal. Parafraseando Galileo Galilei podemos dizer: "a ciência nos ensina como funciona o céu mas não nos ensina como se vai ao céu". Da mesma forma, a ciência nos indica como funcionam as coisas mas por si mesma não tem condições de nos dizer se elas são boas ou ruins. Para isso temos que recorrer a critérios éticos aos quais a própria prática científica está submetida. Até que ponto, apenas soluções técnicas equilibram Gaia a ponto de ela continuar a nos querer sobre ela e ainda garantir os suprimentos vitais para os demais seres vivos? Será que ela vai identificar e assimilar as intervenções que faremos nela ou as rejeitará?
As intervenções técnicas têm que se adequar a um novo paradigma de produção menos agressivo, de distribuição mais eqüitativa, de um consumo responsável e de uma absorção dos rejeitos que não danifique os ecossistemas. Para isso precisamos resgatar uma dimensão, profundamente descurada pela modernidade. Esta se construiu sobre a razão analítica e instrumental, a tecnociência, que buscava, como método, o distanciamento mais severo possível entre o sujeito e o objeto. Tudo que vinha do sujeito como emoções, afetos, sensibilidade, numa palavra, o pathos, obscurecia o olhar analítico sobre o objeto. Tais dimensões deveriam ser postas sob suspeição, serem controladas e até recalcadas.
Ocorre que a própria ciência superou esta posição reducionista seja pela mecânica quântica de Bohr/Heisenberg seja pela biologia à la Maturana/Varela, seja por fim pela tradição psicanalítica, reforçada pela filosofia da existência (Heidegger, Sartre e outros). Estas correntes evidenciaram o envolvimento inevitável do sujeito com o objeto. Objetividade total é uma ilusão. No conhecimento há sempre interesses do sujeito. Mais ainda, nos convenceram de que a estrutura de base do ser humano não é a razão mas o afeto e a sensibilidade.
Daniel Goleman trouxe a prova empírica com seu texto a Inteligência emocional que a emoção precede à razão. Isso se torna mais compreensível se pensarmos que nós humanos não somos simplesmente animais racionais mas mamíferos racionais. Quando há 125 milhões de anos surgiram os mamíferos, irrompeu o cérebro límbico, responsável pelo afeto, pelo cuidado e pela amorização. A mãe concebe e carrega dentro de si a cria e depois de nascida a cerca de cuidados e de afagos. Somente nos últimos 3-4 milhões de anos surgiu o neo-cortex e com ele a razão abstrata, o conceito e a linguagem racional.

O grande desafio atual é conferir centralidade ao que é mais ancestral em nós, o afeto e a sensibilidade. Numa palavra, importa resgatar o coração. Nele está o nosso centro, nossa capacidade de sentir em profundidade, a sede dos afetos e o nicho dos valores. Com isso não desbancamos a razão mas a incorporamos como imprescindível para o discernimento e a priorização dos afetos, sem substitui-los. Hoje se não aprendermos a sentir a Terra como Gaia, não a amarmos como amamos nossa mãe e não cuidarmos dela como cuidamos de nossos filhos e filhas, dificilmente a salvaremos. Sem a sensibilidade, a operação da tecnociência será insuficiente. Mas uma ciência com consciência e com sentido ético pode encontrar saidas libertadoras para nossa crise.



Fonte: Leonardo Boff - Teólogo
Contato (lboff@leonardoboff.com)


Esse é um texto que me faz correr em busca de meus ideais , e manter toda minha vida em pro do meio ambiente, esse texto quero que todos encare como aquele alerta de mãe que nos ajuda nas horas difíceis.

REBIA Nacional: Energia Limpa

Doze usinas térmicas a óleo combustível, duas na região Norte e o resto no Nordeste, darão garantia de que não faltará energia no país até 2010. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) comemorou a contratação, no último leilão de energia nova organizado pelo governo, na quinta-feira, de 1.304 megawatts, energia que garante ser suficiente para suprir as necessidades brasileiras no período. Só que as usinas a óleo combustível estão entre as fontes de energia mais nocivas à atmosfera, com emissões consideráveis de gases do efeito estufa. E o governo parece ignorar que a região onde se instalarão quase todas as plantas tem o maior potencial para produção de energia eólica no Brasil: são nada mais nada menos que 75.000 megawatts de energia limpa que podem ser aproveitados.

As usinas a óleo contratadas na quinta-feira só entrarão em funcionamento se, em épocas de seca, o sistema hídrico nacional não der conta do suprimento. Segundo especialistas, essa função de complementação poderia ser exercida pela energia eólica, que apesar de não ser suficiente para abastecer o país sozinha, funciona bem em parceria com as hidrelétricas. “Quanto mais eólica eu tiver, mas confiável é o sistema hídrico”, diz Amilton Moss, pesquisador do Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (Cepel). Para ele, a melhor opção ainda é investir em hidrelétricas para suprir as necessidades que o país terá no futuro. No entanto, a diversificação é necessária, sendo a energia eólica uma opção importante.

Um ponto negativo levantado para a energia gerada pelas usinas eólicas é que ela precisa ser usada no momento em que é produzida. Se ventar de madrugada, por exemplo, ela é desperdiçada. E se não ventar num horário de pico, ela faltará. O efeito disso é que o chamado “fator de capacidade” da energia de ventos (ou seja, o quanto ela realmente produz) fica entre 30% e 40% de sua capacidade instalada. Mas pesquisas apontam que há uma certa complementaridade entre os regimes de vento e de chuva no Brasil – ou seja, nas épocas de seca, venta mais. Com as eólicas ligadas ao sistema elétrico nacional, sempre que ventar será possível economizar a água armazenada nos reservatórios das usinas hidráulicas. “Também pode ser uma boa forma de economizar água no Nordeste”, diz Moss.

Preço alto

A questão do preço alto é o que o goveno parece considerar o principal entrave às eólicas no Brasil. De fato, considera-se que a energia dessas usinas custa no mínimo 200 reais o megawatt/hora. Em comparação, as distribuidoras de energia que participaram do último leilão pagarão em torno de 135 reais pela eletricidade produzida nas termelétricas a óleo nordestinas. Além disso, não há oferta considerável de turbinas produzidas em território nacional e o preço da importação eleva o valor.

Segundo Osvaldo Soliano, professor da Universidade de Salvador, no mercado internacional a energia através dos ventos está cotada a um preço muito mais competitivo em relação ao Brasil. “Fora ela custa o equivalente a entre 80 e 120 reais”, diz ele. Se o governo estivesse realmente interessado em investir em energia limpa, explica, poderia dar incentivos fiscais que facilitassem a importação das peças necessárias, tornando essa fonte tão barata quanto as que atualmente tem sido adquiridas.

O Brasil tem hoje cerca de 230 MW em capacidade instalada de eólicas. Segundo o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro (produzido pelo Cepel), o país tem ventos para produzir até 143.000 MW (o que equivale a mais de dez vezes a potência da usina de Itaipu), 52% no Nordeste. O crescimento foi grande nos últimos anos, principalmente devido ao Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica), que dá estímulo a energias limpas (inclui também biomassa e pequenas centrais elétricas). Também estão programadas para serem construídas 17 usinas com o equivalente a 460 MW de capacidade. Apesar do crescimento relativo, o número é pequeno. Se comparada com a de outros países em desenvolvimento, como China (que tem 2.600 MW) e Índia (com 6.200), a capacidade instalada de eólicas no Brasil é mínima.

“A energia eólica é estratégica”, diz Soliano. Além de evitar a emissão de gases do efeito estufa na sua operação, ela dispensa matéria-prima custosa. Só depende do vento para funcionar. E tem outra vantagem, mesmo em relação às hidrelétricas: enquanto essa requer a perda de uma determinada área, que será alagada quando a barragem for construída, as turbinas eólicas podem ser erguidas no meio de plantações ou criações de gado. Com isso, é possível gerar renda extra para produtores que permitem a instalação.

Decisão política

Segundo o pesquisador da Coppe Roberto Schaeffer, o preço das turbinas eólicas, tendem a cair conforme a energia seja mais usada, por conta do barateamento pela produção em escala. Ele lembra que, apesar de ser uma fonte muito limpa, também se reportam alguns problemas ambientais causados por ela: há casos de morte de aves migratórias pelas hélices e populações que vivem no entorno reclamam do ruído constante. “Ela ainda é, mesmo assim, a mais competitiva das energias alternativas”, diz ele.

O custo alto das eólicas em comparação com as fontes mais poluentes para Schaeffer tem explicação: não se leva em conta o custo ambiental do investimento, seja quando se alaga determinada área ou se polui a atmosfera. “Alguém vai pagar esse custo no futuro, não necessariamente quem está pagando pela energia”, diz ele.

Uma solução para essa aparente contradição, para o pesquisador, é que o governo tome a frente de pagar pela diferença de custo, criando um fundo, por exemplo. Ou obrigando as concessionárias de eletricidade a comprar uma parte de sua energia verde, com direito a repassar essa conta para o consumidor final. Num cenário alternativo montado por Schaeffer para 2025, em que o governo investe em diminuição de emissões na direção de uma matriz limpa, ele estima que 3,5% da matriz brasileira possa vir de eólicas. Nem é tanto. Mas, para isso, o governo terá que tomar iniciativa. Antônio Moss concorda: “Num determinado momento, a decisão vai ser política”.

Fonte: REBIA Nacional
Contato (rebia@yahoogrupos.com.br)


segunda-feira, 30 de julho de 2007

O lado perigoso do avanço dos computadores

No ano que vem, o número de computadores pessoais (PCs) em funcionamento no mundo deve atingir a astronômica cifra de um bilhão.

Desde o seu surgimento nos anos 1970, até chegar a essa marca, passaram-se um pouco mais de três décadas. Porém, para dobrar esse número serão necessários apenas sete anos. De acordo com estimativa divulgada pela consultoria Forrester Research, em 2015 haverá dois bilhões de PCs espalhados pelo mundo.

A princípio, esse “boom” no consumo de PCs pode significar o acesso de mais pessoas à tecnologia, o que, sem dúvida, é um avanço positivo. Mas essa expansão tem alguns aspectos preocupantes. O primeiro é que a indústria de computadores e seus periféricos é uma das que, proporcionalmente ao peso dos seus produtos, mais consome recursos naturais, tanto na forma de matéria-prima, como em termos de água e energia.

Segundo a Universidade das Nações Unidas (UNU), um computador comum (24 quilos, em média) emprega ao menos dez vezes o seu peso em combustíveis fósseis (contribuindo para o aquecimento global) e 1.500 litros de água em seu processo de fabricação. Esta relação supera, por exemplo, a dos automóveis, que utilizam, no máximo, duas vezes o seu peso em matéria-prima e insumos. Um único chip de memória RAM consome 1,7 quilos de combustíveis fósseis e substâncias químicas para ser produzido, o que corresponde a cerca de 400 vezes o seu peso.

A ONG ambientalista Greenpeace possui um “Guia dos Eletrônicos Verdes”, onde apresenta as principais empresas de informática americanas em um ranking baseado na “limpeza” de seus processos produtivos. Os critérios utilizados são a quantidade de substâncias nocivas presentes nos produtos e a responsabilidade da empresa sobre seus resíduos. Também considera se a empresa está preparada para receber de volta os computadores usados assim como a existência de programas de reciclagem de equipamentos obsoletos. Você pode encontrar a relação aqui: http://www.greenpeace.org/international/campaigns/toxics/electronics/how-the-companies-line-up

Comparando o ranking atual com os anteriores, é possível notar uma mudança nos procedimentos das empresas no sentido de tornar seus produtos mais “verdes”, por meio da redução – e até eliminação – do emprego de substâncias químicas perigosas, certamente buscando atender à demanda de clientes preocupados com os impactos de suas escolhas sobre o meio ambiente. Após analisar a sua real necessidade de comprar um dos equipamentos, o consumidor pode consultar essa lista, que é atualizada a cada três meses. Lá ele encontrará informações sobre a origem dos produtos que pretende adquirir, dando preferência às empresas que demonstram maior preocupação com os impactos dos resíduos da produção sobre o meio ambiente. Assim, o consumidor valorizará boas práticas, estimulando as empresas a manterem essa conduta e incentivando outras a fazerem o mesmo.

De qualquer forma, é bom lembrar que os processos de fabricação podem variar de país para país, bem como os programas de gerenciamento de resíduos. Por isso, em caso de dúvida, é importante checar as informações junto à filial brasileira, por meio dos canais de comunicação com o consumidor.

Alta demanda de matéria-prima


Na outra ponta, a indústria de computadores também apresenta um problema muito sério: o descarte desses equipamentos resulta na geração 50 milhões de toneladas de lixo todos os anos, segundo o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. É uma montanha com mais de 200 milhões de PCs completos, que tende a saturar aterros e depósitos, complicando ainda mais a gestão de resíduos.

Para agravar a situação, algumas peças de computadores contêm metais pesados como mercúrio, cádmio, chumbo e cromo, transformando-as em um risco à saúde pública, quando descartados de forma inadequada. Segundo Fátima Santos, gerente técnica da empresa de reciclagem de resíduos químicos Suzaquim, “na infinidade de produtos utilizados no processo de fabricação dos equipamentos eletrônicos, os metais pesados são os mais danosos, pois são acumulativos no organismo e podem causar doenças fatais”. Em geral, os primeiros prejudicados por esses elementos são os próprios funcionários das empresas de informática. No entanto, quando entram em contato com o solo, esses componentes tóxicos podem contaminar os lençóis freáticos, atingindo, por conseqüência, a população abastecida por essa água.

De acordo com o e-Waste Guide, os monitores de tubo mais antigos contêm várias substâncias (como chumbo, bário e fósforo) que podem provocar câncer quando descartadas de forma inadequada no meio ambiente. O PVC, utilizado como isolante em fios elétricos, quando incinerado e inalado provoca problemas respiratórios. O cobre, também presente em cabos, placas e circuitos, durante a incineração, também catalisa o processo de formação de dioxinas e furanos, substâncias que afetam a reprodução humana e são acumulativos nos animais em geral, permanecendo na cadeia alimentar. Já os BRTs (retardantes de chamas), substâncias que são utilizadas nas peças de plástico e outros componentes do sistema para evitar incêndios, causam desordens hormonais e reprodutivas. Atualmente, as empresas têm procurado alternativas para os BRTs.

Consumo consciente


Todos sabemos que, hoje em dia, é praticamente inviável prescindir dos computadores. Mas, tomando consciência dos impactos que o seu uso causa, o consumidor pode contribuir para que os reflexos positivos dessa tecnologia sejam maiores que os danos ao meio ambiente.

A primeira coisa a ser avaliada pelo consumidor é se há mesmo necessidade de comprar um novo computador. Algumas vezes, um “upgrade” (troca de peças específicas, mantendo a “carcaça”) basta para atender às necessidades do momento. Outro procedimento que deve sempre ser adotado é o de tentar consertar o computador, em vez de aproveitar o primeiro problema para trocar a máquina por outra nova. A tendência é que esse tipo de serviço se torne cada vez mais comum. Outras vezes, as pessoas trocam de equipamento apenas por comodidade ou por estética. Será que é mesmo fundamental trocar um monitor de 14 polegadas por um maior? É sempre bom gastar alguns minutinhos ponderando se é possível adiar a compra de um novo equipamento e, caso não seja possível, refletir sobre as reais necessidades que devem ser atendidas por este novo equipamento.

Uma outra questão a ser considerada na hora de trocar de computador é o que fazer com o velho. Uma alternativa é procurar alguma empresa que faça a reciclagem dos equipamentos. Para Fátima Santos, uma grande vantagem da reciclagem é que permite não consumir recursos naturais não-renováveis, além de prolongar a vida útil dos materiais. “O plástico de um componente passa a ser matéria-prima para outro produto”. Além disso, completa ela, a reciclagem “libera os aterros para o que é mesmo lixo e os aterros controlados para outros produtos que ainda não têm tecnologia viável [de tratamento]”.

Outra possibilidade é doar o computador antigo. Pode ser para algum conhecido ou para entidades que utilizam o computador como está ou comercializam sua sucata com empresas recicladoras.

Alguns exemplos são:
Associação Brasileira de Redistribuição de Excedentes
http://www.abre-excedente.org.br
Casas André Luiz
http://www.andreluiz.org.br
Comitê pela Democratização da Informática
http://www.cdi.org.br
Museu do Computador
http://www.museudocomputador.com.br

Além dessas entidades, algumas empresas brasileiras de informática também recebem computadores de quaisquer marcas.


Crédito da imagem: Sxc.hu
(Envolverde/Instituto Akatu)

23/07/2007 - 11h07

Fonte: Envolverde

Angra dos Reis terá primeiro prédio público ecológico do país

Brasília - O primeiro prédio público ecológico do país deverá ser construído, até o fim deste ano, na região de Angra dos Reis, no litoral sul fluminense. Uma nova licitação ainda não tem data para ser aberta, mas a anterior previa custo de R$ 350 mil.

O edifício será a nova sede do escritório do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na região. A informação foi dada pelo superintendente do Ibama no Rio de Janeiro, Rogério Rocco, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.

Segundo Rocco, toda a técnica arquitetônica usada na construção buscará o aproveitamento da iluminação externa para que se consuma o mínimo possível de energia. "Também iremos aproveitar a ventilação para reduzir o consumo proveniente de aparelhos de ar condicionado e ventiladores”, disse ele.

Outro dispositivo que deve ser implantado no prédio é o sistema de captação da água da chuva. Rocco explicou que a água será armazenada e utilizada nos sistemas de descarga e nas lavagens externas do edifício. Já o material de construção - cimento, madeira e aço, entre outros - deverá ser reaproveitado. “O cimento será feito com a reutilização de pneus usados e a madeira deverá ser oriunda de demolição ou certificada”.

De acordo com o superintendente do Ibama, inicialmente, os custos da construção do prédio ecológico deverão ficar cerca de 30 a 50% mais altos do que os de uma construção comum. “Isso é uma visão de curto prazo, mas, no médio e longo prazos, a construção fica muito mais barata, pois há uma redução expressiva no custo de serviços prestados, porque se acenderá menos luz e se usará menos ar condicionado e água. Conseqüentemente, vai-se pagar menos taxas.”

Além disso, acrescentou Rocco, a utilização de material reaproveitado economiza os recursos e elementos da natureza, e isso a longo prazo traz efeitos econômicos e ambientais positivos para toda a sociedade.




Fonte: Erich Decat (Agência Brasil ) / Projeto Turismo Responsável



Fonte: Projeto Turismo Responsável


É nao podemos se animar muito , sera que nao seria jogar pano em cima da fumaça causada pela contruçao de mais uma usina nuclear , pode ser que aja nescessidade de um novo predio , mas vamos ficar sempre atento.

Mude a sua dieta e salve a Amazônia

Ambientalistas relacionam o desmatamento na região aos hábitos alimentares dos moradores dos grandes centros urbanos e levantam o debate sobre a importância do consumo consciente

Pablo Nogueira

Homens e mulheres com fantasias de galinha de 2 metros, protestando e carregando faixas com slogans. Foi essa a cena com que se depararam os gerentes de unidades do McDonald's de sete cidades da Inglaterra quando chegaram pela manhã para abrir suas lojas, em 6 de abril do ano passado. As lojas estavam cobertas de folhetos que mostravam Ronald McDonald segurando uma serra elétrica. Algumas "aves" entraram nas lanchonetes e se acorrentaram às cadeiras, sendo retiradas pela polícia. Por trás do fuzuê estava a organização ambientalista Greenpeace, que buscava chamar a atenção para seu mais recente relatório, no qual acusa as redes de fast-food de contribuir para a devastação ambiental. Resultado de um ano de investigações em dois continentes, o texto chama-se "Comendo a Amazônia" e mostra como a soja plantada em zonas desmatadas era importada pelas cadeias de lanchonetes para alimentar os frangos criados em cativeiro na Europa para rechear McChickens. "Como detectamos que a maior parte da soja brasileira vai para a Europa, queríamos alertar o cidadão comum para o fato de que ele, de alguma forma, está participando da destruição da Amazônia", diz Tatiana Carvalho, responsável pela campanha do Greenpeace contra a soja predatória na Amazônia.

Seis horas depois do início do ataque das galinhas, a direção do McDonald's ligou para a coordenação do Greenpeace e pediu trégua. O resultado foi uma parceria inesperada e poderosa. A pressão exercida pelos dois fez com que os maiores responsáveis pelo comércio de soja no Brasil - os grupos internacionais Cargill, ADM, Bunge, Dreyfus e o nacional Amaggi - se reunissem para debater o tema. Em julho do mesmo ano, as duas principais associações de plantadores de grãos do Brasil anunciaram uma moratória de dois anos para o financiamento da soja plantada em terra desmatada depois daquela data. Ou seja, não haveria dinheiro para bancar a derrubada de mais floresta. A moratória ainda está em vigor, mas os resultados só devem começar a aparecer no ano que vem. "Mas já podemos ver que em regiões onde a soja estava avançando muito rápido, como nos arredores de Santarém, no Pará, a expansão diminuiu de um ano para cá", diz Tatiana.


A campanha do Greenpeace é na verdade a expressão mais bem-sucedida de um debate que aos poucos ganha espaço entre os ambientalistas. Será necessário mudar a nossa dieta a fim de preservar o planeta? É o que sugere João Meirelles, da ONG Instituto Peabiru. Com mais de duas décadas de atuação no ambientalismo, Meirelles diz que o foco do Greenpeace está equivocado e que é a pecuária, e não a soja, o principal vilão do desmatamento. E sustenta seu discurso com números: dados do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) mostram que 77% das áreas desmatadas na Amazônia Legal se destinam à criação de gado. Entre 1990 e 2003 o rebanho total da região subiu de pouco mais de 26,6 milhões para mais de 64 milhões de cabeças, ou 140%. "Trata-se do maior avanço da pecuária sobre uma região no planeta", diz Meirelles. "Cerca de 85% da carne produzida na Amazônia se destina ao mercado interno, principalmente do Sudeste e Sul. São Paulo, Minas, Rio e Paraná são os grandes responsáveis por comer a Amazônia", afirma Meirelles, que, aliás, vem de uma família de dez gerações de pecuaristas e já administrou fazendas de gado antes de aderir ao ativismo ecológico. Agora que mudou de lado, ele quer conscientizar as pessoas. "Vale a pena destruir a Amazônia em troca de uma dieta carnívora?"

domingo, 29 de julho de 2007

A CARTA DA TERRA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO

Primeiro Encontro Internacional - São Paulo, 23 a 26 de agosto de 1999.

Organização: Instituto Paulo Freire - Apoio: Conselho da Terra e UNESCO-Brasil

CARTA DA ECOPEDAGOGIA

Em defesa de uma Pedagogia da Terra

(Minuta de discussão do Movimento pela Ecopedagogia)

1. Nossa Mãe Terra é um organismo vivo e em evolução. O que for feito a ela repercutirá em todos os seus filhos. Ela requer de nós uma consciência e uma cidadania planetárias, isto é, o reconhecimento de que somos parte da Terra e de que podemos perecer com a sua destruição ou podemos viver com ela em harmonia, participando do seu devir.

2. A mudança do paradigma economicista é condição necessária para estabelecer um desenvolvimento com justiça e eqüidade. Para ser sustentável, o desenvolvimento precisa ser economicamente factível, ecologicamente apropriado, socialmente justo, includente, culturalmente eqüitativo, respeitoso e sem discriminação. O bem-estar não pode ser só social; deve ser também sócio-cósmico.

3. A sustentabilidade econômica e a preservação do meio ambiente dependem também de uma consciência ecológica e esta da educação. A sustentatibilidade deve ser um princípio interdisciplinar reorientador da educação, do planejamento escolar, dos sistemas de ensino e dos projetos político-pedagógicos da escola. Os objetivos e conteúdos curriculares devem ser significativos para o(a) educando(a) e também para a saúde do planeta.

4. A ecopedagogia, fundada na consciência de que pertencemos a uma única comunidade da vida, desenvolve a solidariedade e a cidadania planetárias. A cidadania planetária supõe o reconhecimento e a prática da planetaridade, isto é, tratar o planeta como um ser vivo e inteligente. A planetaridade deve levar-nos a sentir e viver nossa cotidianidade em conexão com o universo e em relação harmônica consigo, com os outros seres do planeta e com a natureza, considerando seus elementos e dinâmica. Trata-se de uma opção de vida por uma relação saudável e equilibrada com o contexto, consigo mesmo, com os outros, com o ambiente mais próximo e com os demais ambientes.

5. A partir da problemática ambiental vivida cotidianamente pelas pessoas nos grupos e espaços de convivência e na busca humana da felicidade, processa-se a consciência ecológica e opera-se a mudança de mentalidade. A vida cotidiana é o lugar do sentido da pedagogia pois a condição humana passa inexoravelmente por ela. A ecopedagogia implica numa mudança radical de mentalidade em relação à qualidade de vida e ao meio ambiente, que está diretamente ligada ao tipo de convivência que mantemos com nós mesmos, com os outros e com a natureza.

6. A ecopedagogia não se dirige apenas aos educadores, mas a todos os cidadãos do planeta. Ela está ligada ao projeto utópico de mudança nas relações humanas, sociais e ambientais, promovendo a educação sustentável (ecoeducação) e ambiental com base no pensamento crítico e inovador, em seus modos formal, não formal e informal, tendo como propósito a formação de cidadãos com consciência local e planetária que valorizem a autodeterminação dos povos e a soberania das nações.

7. As exigências da sociedade planetária devem ser trabalhadas pedagogicamente a partir da vida cotidiana, da subjetividade, isto é, a partir das necessidades e interesses das pessoas. Educar para a cidadania planetária supõe o desenvolvimento de novas capacidades, tais como: sentir, intuir, vibrar emocionalmente; imaginar, inventar, criar e recriar; relacionar e inter-conectar-se, auto-organizar-se; informar-se, comunicar-se, expressar-se; localizar, processar e utilizar a imensa informação da aldeia global; buscar causas e prever conseqüências; criticar, avaliar, sistematizar e tomar decisões. Essas capacidades devem levar as pessoas a pensar e agir processualmente, em totalidade e transdisciplinarmente.

8. A ecopedagogia tem por finalidade reeducar o olhar das pessoas, isto é, desenvolver a atitude de observar e evitar a presença de agressões ao meio ambiente e aos viventes e o desperdício, a poluição sonora, visual, a poluição da água e do ar etc. para intervir no mundo no sentido de reeducar o habitante do planeta e reverter a cultura do descartável. Experiências cotidianas aparentemente insignificantes, como uma corrente de ar, um sopro de respiração, a água da manhã na face, fundamentam as relações consigo mesmo e com o mundo. A tomada de consciência dessa realidade é profundamente formadora. O meio ambiente forma tanto quanto ele é formado ou deformado. Precisamos de uma ecoformação para recuperarmos a consciência dessas experiências cotidianas. Na ânsia de dominar o mundo, elas correm o risco de desaparecer do nosso campo de consciência, se a relação que nos liga a ele for apenas uma relação de uso.

9. Uma educação para a cidadania planetária tem por finalidade a construção de uma cultura da sustentabilidade, isto é, uma biocultura, uma cultura da vida, da convivência harmônica entre os seres humanos e entre estes e a natureza. A cultura da sustentabilidade deve nos levar a saber selecionar o que é realmente sustentável em nossas vidas, em contato com a vida dos outros. Só assim seremos cúmplices nos processos de promoção da vida e caminharemos com sentido. Caminhar com sentido significa dar sentido ao que fazemos, compartilhar sentidos, impregnar de sentido as práticas da vida cotidiana e compreender o sem sentido de muitas outras práticas que aberta ou solapadamente tratam de impor-se e sobrepor-se a nossas vidas cotidianamente.

10. A ecopedagogia propõe uma nova forma de governabilidade diante da ingovernabilidade do gigantismo dos sistemas de ensino, propondo a descentralização e uma racionalidade baseadas na ação comunicativa, na gestão democrática, na autonomia, na participação, na ética e na diversidade cultural. Entendida dessa forma, a ecopedagogia se apresenta como uma nova pedagogia dos direitos que associa direitos humanos – econômicos, culturais, políticos e ambientais - e direitos planetários, impulsionando o resgate da cultura e da sabedoria popular. Ela desenvolve a capacidade de deslumbramento e de reverência diante da complexidade do mundo e a vinculação amorosa com a Terra.

Coletivo Jovem de Meio Ambiente


São grupos informais de jovens sensibilizados com as questões socioambientais, participantes ou não de movimentos e organizações envolvidas com essa temática.

Existentes em todos os estados e articulados nacionalmente, os Coletivos Jovens são parceiros do Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental – MEC/MMA.

O CJ-SP busca garantir espaços de participação da juventude paulista na construção de sociedades sustentáveis através de ações locais integradas e envolvimento na elaboração e execução de políticas públicas.

Pátria Livre!!!

Coletivo Jovem de Meio Ambiente de SP

sábado, 28 de julho de 2007

O Efeito Estufa e o Aquecimento Global

Autor: Tiago Dias
Créditos: http://ptsoft.net/vastro/referencia/

O aquecimento global é o aumento da temperatura terrestre (não só numa zona específica, mas em todo o planeta) e tem vindo a preocupar a comunidade científica cada vez mais. Pensa-se que é devido ao uso de combustíveis fósseis e outros processos a nível industrial, que levam à acumulação na atmosfera de gases propícios ao Efeito de Estufa, tais como o Dióxido de Carbono, o Metano, o Óxido de Azoto e os CFCs.

Já há muitas décadas que se sabe da capacidade que o Dióxido de Carbono tem para reter a radiação infravermelha do Sol na atmosfera, estabilizando assim a temperatura terrestre por meio do Efeito de Estufa, mas, ao que parece, isto em nada preocupou a humanidade que continuou a produzir enormes quantidades deste e outros gases de Efeito de Estufa.

A questão que se põe é se os elevados índices de Dióxido de Carbono que se têm vindo a medir desde o passado século, e estão com tendência para aumentar, podem vir a provocar um aumento na temperatura terrestres suficiente para trazer consequências graves à escala global, pondo em risco a sobrevivência dos seus habitantes.

Na realidade desde 1850 temos vindo a assistir a um aumento gradual da temperatura global, algo que pode também ser causado pela flutuação natural desta grandeza. Tais flutuações têm vindo a ocorrer naturalmente durante várias dezenas de milhões de anos ou, por vezes, mais bruscamente, em décadas. Estes fenómenos naturais bastante complexos e imprevísiveis podem ser a explicação para as alterações climáticas que a Terra tem vindo a sofrer, mas também é possível (e talvez mais provável) que estas mudanças estejam a ser provocadas pelo aumento do Efeito de Estufa devido à actividade humana.

Para se poder compreender plenamente a causa deste aumento da temperatura média do planeta foi necessário fazer estudos exaustivos da variabilidade natural do clima. Mudanças, como as estações do ano, às quais estamos perfeitamente habituados. Não é motivo de preocupação o clima aquecer durante o Verão porque se está a passar exactamente o contrário no hemisfério oposto, mantendo a temperatura global em equilibrio. Da mesma forma também não é motivo de preocupação um Verão mais quente do que o anterior porque provavelmente o Verão seguinte será novamente mais fresco. As causas destas flutuações naturais são imensas: desde erupções vulcânicas que provocam variações locais até a variações à escala global causadas por fenómenos regulares como o \\\"El Niño\\\" (um aquecimento que se verifica nas águas do Pacífico todos os 3 a 5 anos afectando o clima de todo o mundo temporariamente).

As idades do gelo que têm vindo a dominar o planeta desde há dois milhões de anos, durando dezenas de milhares de anos, terão sido devidas a alterações significativas nas calotes polares levadas a cabo por flutuações na intensidade da radiação solar e variações na distância entre a Terra e o Sol. Contundo durante os períodos interglaciais sempre se deram algumas mudanças climáticas menos abruptas, mas significativas, causadas provavelmente por rápidas mudanças na circulação oceânica. Mas no período interglacial que estamos a atravessar não se têm verificado quaisquer oscilações como as indiciadas para períodos interglaciais anteriores, tendo este período de estabilidade funcionando como uma \\\"janela\\\" que permitiu o florescimento da civilização humana.

Na realidade as oscilações anuais da temperatura que se têm verificado neste século estão bastante próximo das verificadas no século passado e, tendo os séculos XVI e XVII sindo invulgarmente frios (numa escala de tempo bem mais curta do que engloba idades do gelo), o clima pode estar ainda a recuperar dessa variação. Desta forma os cientistas não podem afirmar que o aumento de temperatura global esteja de alguma forma relacionado com um aumento do Efeito de Estufa, mas, no caso dos seus modelos para o próximo século estarem correctos, os motivos para preocupação serão muitos.

Aumento de temperatura projectado Segundo as medições da temperatura para épocas anteriores a 1860 (desde quando se tem vindo a fazer o registo das temperaturas registadas em várias áreas de globo), que puderam ser feitas a partir dos aneís de árvores, de sedimentos em lagos e nos gelos, o aumento de 2 a 6 ºC que se preve para os próximos 100 anos seria maior do que qualquer aumento de temperatura alguma vez registado desde o aparecimento da civilização humana na Terra. Torna-se assim quase certo que o aumento da temperatura que estamos a enfrentar é causado pelo Homem e não se trata de um fénomeno natural.

No caso de não se tomarem medidas drásticas de forma a controlar a emissão de gases de Efeito de Estufa é quase certo que teremos que enfrentar um aumento da temperatura global que continuará idefinidamente e cujos efeitos serão piores do que quaisquer efeitos de provocados por fluctuações naturais, o que quer dizer que iremos provavelmente assistir às maiores catástrofes naturais (agora causadas indirectamente pelo Homem) alguma vez registadas no planeta.

A criação de legislação mais apropriada sobre a emissão dos gases de Efeito de Estufa é de certa forma impedida por também existirem fontes de Dióxido de Carbono naturais (o qual manteve a temperatura terreste estável desde idades pré-históricas), o que torna também o estudo deste fénomeno ainda mais complexo.

A acrescentar a esta complexidade temos ainda a impossibilidade de comparar directamente este aquecimento global com passadas mudanças de clima devido à velocidade com que tudo está a acontecer. As analogias mais próximas que se podem estabelecer são com mudanças provocadas por alterações abruptas na circulação oceânica ou com o drástico arrefecimento global que levou à exitinção dos dinossáurios. O que existe em comum entre todas estas mudanças de clima são extinções em massa por todo o planeta tanto a nível da fauna como da flora. Esta analogia vem reforçar os modelos estabelecidos em que se prevê que tanto os eco-sistemas naturais como as comunidades humanas mais dependentes do clima venham a ser fortemente pressionados e postos em perigo.

A eminência de uma mudança tão drástrica como a alteração da temperatura global do planeta trás consigo perigos que deviam estar a preocupar muito mais os governos em fazer diminuir as taxas de emissão dos gases de Efeito de Estufa para a atmosfera, pelo menos ao nível das actividades industriais e nos automóveis particulares, encarando o problema com o nível de seriedade que este merece.

PROJETOS COMUNITÁRIOS PARA PROTEÇÃO DAS FLORESTAS


Comunidades que coletam produtos naturais geram mais renda de longo prazo que muitas grandes madeireiras. - fonte: Estadão

A consolidação de projetos de pequeno porte de coleta de frutas e castanhas é a melhor maneira de atenuar a pobreza e proteger a Amazônia e outras florestas tropicais, mas a estratégia costuma ser ignorada pelos governos, mostrou um estudo na segunda-feira, 16. As comunidades que coletam produtos naturais geram mais renda de longo prazo que muitos parques nacionais ou grandes madeireiras, disse o levantamento da Organização Internacional de Madeiras Tropicais (ITTO).
No Brasil, as comunidades florestais frequentemente são desalojadas por madeireiros, grandes proprietários de terra e garimpeiros, e muitas não têm infra-estrutura para fazer seus produtos chegarem ao mercado.
Trabalhadores rurais e líderes indígenas entregaram no domingo uma carta à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pedindo ao governo que ajude a financiar esse tipo de projeto comunitário nas florestas.

Voltando ao artivismo

O artivismo é a pratica de um ativismo com arte , passifico de forma muito bonita e legal, e isso na pratica foi ao encerramento do Terceiro Encontro Estadual (SP) de Educaçao Ambiental, o nos Coletivo Jovem Meioambeinte fizemos uma manifetaçao contra o governo do estado , que estava representado pelo secretario do meioambiente em relaçao ao veto da tarde de ontem do projeto que coloca o Rio Ribeira de Iguape como patrimonio historico cultural e ambiental , isso com interesse de contruir uma barragem no unico rio do estado de SP que esta intaquito, com interesse de fornecer energia para uma unica enpresa do grupo Votorantim. Agora esperamos que os deputados do estado votem a favor na volta desse projeto de lei no legislativo.Essa é a politica do governo Serra.
Em breve tera fotos no site do REPEA
Esse é meu parecer, agora colcoo outro.

Pauta: "José Serra veta projeto de leis das sacolas biodegradáveis"

Para o autor do projeto, deputado estadual Sebastião Almeida (PT), o governador atendeu ao lobby das indústrias de plástico


O governador José Serra (PSDB) vetou o projeto de lei 534/07, que exigia a adoção de sacolas plásticas oxibiodegradáveis por parte dos estabelecimentos comerciais de São Paulo. O veto foi publicado no Diário Oficial do Estado desta sexta (27/7). Para o autor do projeto, deputado estadual Sebastião Almeida (PT), o Executivo desperdiçou uma grande chance de ampliar o debate em torno das sacolas de plástico utilizadas pelo comércio. "O veto é questionável, na medida em que outros Estados do país estão adotando os materiais degradáveis", diz Almeida.


O deputado estadual lembra que a Secretaria Estadual do Meio Ambiente apresentou argumentos técnicos discutíveis para convencer Serra a vetar o projeto. "A impressão que se tem é que se ouviu apenas um lado nessa discussão. Parece que o lobby das indústrias de plástico influenciou a decisão do secretário Xico Graziano", destaca.


Almeida lembra que iniciativas semelhantes ao projeto de lei 534/07 começam a se espalhar por todo o país. Algumas grandes redes de supermercado de cidades como Curitiba e Maringá (PR) e Campinas (SP) aderiram ao plástico oxibiodegradável sem que houvesse imposição da lei. "Mas a maioria dos supermercadistas ainda não despertou para o problema do lixo produzido com essas sacolas, sobretudo porque não têm qualquer responsabilidade sobre isso", lembra o deputado.


Segundo Almeida, ninguém é a favor de continuar despejando plástico na natureza, nem mesmo se ele for composto por material biodegradável. "Não se pode ignorar o problema e deixar tudo como está. Desde 1994, o Estado de São Paulo é governado pelo PSDB, que não fez nada para resolver os problemas com o esgoto das cidades da região metropolitana. Agora vão fechar os olhos para a questão do lixo", diz Almeida.


O deputado acredita que o governador José Serra pode se arrepender do veto ao projeto no futuro. “Estados como o Rio de Grande do Sul e Paraná já têm projetos tramitando em suas Assembléias Legislativas. No Rio de Janeiro, o próprio governador Sérgio Cabral (PMDB) demonstrou interesse em enviar um projeto nesse sentido para apreciação dos deputados estaduais”, diz Almeida. “Além disso, existe iniciativa semelhante no Congresso Nacional”.


As sacolas oxibiodegradáveis são produzidas a partir da inclusão de um aditivo no processo de produção do plástico. Ele acelera a decomposição do material numa velocidade até 100 vezes maior. Ou seja, um plástico que demoraria 300 anos para desaparecer no ambiente não dura mais do que três anos com essa tecnologia.




Mais informações:


Assessoria de Imprensa Ex-Libris Comunicação Integrada
Fabio Bittencourt -Tels. (11) 32666088/r.202 Marília Assiz – Tels. (11) 3266.6088 / r. 235



Fonte: Marilia - Exlibris
Contato (marilia@libris.com.br])

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Ola pessoal, pedido de descupas.

Gostaria de pedir descupas , por que por um periodo nao irei postar nada no blog , isso ate o dia 28(sabado) pelo

Programação

DIA 25

Horário:
10 horas
Encontro dos coletivos jovens e dos coletivos educadores de São Paulo
Local: Sesi

Horário: 14 horas
Credenciamento e inscrições

Horário: 18h30
Abertura oficial
Palestrantes: prefeito Edinho Araújo, autoridades locais e elo da Repea

Horário: 19h30
Conferência de abertura: A arte da construção de uma política de educação ambiental
Palestrante: Ondalva Serrano

Horário: 22 horas
Atividade cultural: Orquestra de Viola
Local: Júpiter Olímpico


DIA 26

Horário:
7 horas
Atividade Matroginástica
Vagas: Livre
Professor: Rodinei Marcelino Rodrigues
Local: Represa Municipal ao lado do Júpiter Olímpico

Horário: 8 horas
Café da manhã para os participantes, com Josué Guimarães, no sax
Local: Júpiter Olímpico

Horário: das 8h30 às 12 horas
Mesa-redonda: Redes e coletivos construindo a PEEA
Palestrantes: Viviane Amaral – O que produzimos nas redes
Marcos Sorrentino – Sistema Nacional de Educação Ambiental
Eda Tassara – Coletivos Educadores Carlos Diego - Coletivo Jovem-REJUMA
Moderadora: Haydée Torres de Oliveira
Local: Ginásio Natalone

Horário: 12 horas
Almoço cultural
Naquele Tempo - Chorinho
Local: Júpiter Olímpico

Horário: 13h30
Apresentação de painéis
Local:
Júpiter Olímpico

Horário: 15 horas
Oficinas e GTs
Local:
Sesi | Colégio Objetivo | Escola Estadual Salgado Bueno

Horário: 18h30
Atividade cultural - Show Corda de Barro
Música e sensibilização ambiental para a conservação da terra e dos povos
Local: Júpiter Olímpico

Horário: 18 horas
Atividade: Vôlei-câmbio
Vagas: Livre
Professor: Rodinei Marcelino Rodrigues
Local: na rua Sabino Cardoso Filho, entre o Sesi e o Júpiter Olímpico


DIA 27

Horário:
7 horas
Atividade: Caminhada com obstáculo
Vagas: Livre
Professor: Rodinei Marcelino Rodrigues
Local: Represa Municipal, na saída ao lado do Júpiter Olímpico

Horário: 8 horas
Café da manhã para os participantes, com Carlos de Oliveira, no violão
Local: Júpiter Olímpico

Horário: das 8h30 às 12 horas
Mesa-redonda: Contemporâneos para a educação ambiental
Laura Stela N. Perez – Secretaria Estadual do Meio Ambiente
Irineu Tamaio – EA - WWF
Rubens Born - Agenda 21
Miriam Duailibi – Ecoar - Mudanças Climáticas
Moderadora: Patrícia Otero

Horário: 12 horas
Almoço cultural com Quarteto Scordatura - violino e contrabaixo - MPB e erudito
Local: Júpiter Olímpico

Horário: 13h30
Apresentação de painéis

Horário:
15 horas
Oficinas e GTs
Local:
Sesi | Colégio Objetivo | Escola Estadual Salgado Bueno

Horário: 18 horas
Atividade: Jogos cooperativos – dinâmica de encerramento
Vagas: Livre
Professora: Sandra Regina Domingues de Brito
Professor: Rodinei Marcelino Rodrigues
Local: Anfiteatro da Represa Municipal, em frente ao complexo de prédios da
Swift

Horário: 20 horas
Atividade cultural
Alta Conexão Banda - forró/pop
Local: Júpiter Olímpico


DIA 28

Horário:
8 horas
Café da manhã para os participantes, com Luiz Carlos Ribeiro, no piano elétrico
Local: Júpiter Olímpico

Horário: 8h30
Apresentação e Encaminhamentos da Minuta Política Estadual da Educação Ambiental de São Paulo e Sustentabilidade da Repea
Moderadora: Mônica Simons – Prefeitura de Guarulhos e Senac – Apresentação da minuta trabalhada nos grupos de trabalho da Política Estadual de Educação Ambiental/SP – Política Estadual de Educação Ambiental de São Paulo
Maria do Rosário Laguna, secretária de Educação de Rio Preto
Rachel Trajber - Órgão gestor da Política Nacional de Educação Ambiental - Comitê Gestor de Educação Ambiental/MEC
Francisco Graziano Neto, secretário do Estado do Meio Ambiente
Herculano Passos Júnior, prefeito da Estância Turística de Itu
Rita Passos, deputada estadual, líder do Partido Verde e presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Meio Ambiente e Combate ao Aquecimento Global do Estado de São Paulo
Paulo Toffano, deputado federal pelo Partido Verde
Maria de Lourdes Rocha Freire – Departamento de Educação Ambiental, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente
Marlene Gardel – Secretaria Estadual de Educação/Coordenadoria Estadual de Normas Pedagógicas
Mônica Pilz Borba - Elo da Repea
Local: Ginásio Antônio Natalone

Horário: 12 horas
Encerramento com o prefeito Edinho Araújo - Prefeitura de Rio Preto
Local: Ginásio Antônio Natalone

Se for puder irei postar algo , se nao so depois de sabado.
Descupe, obrigado

terça-feira, 24 de julho de 2007

Introdução à Dialética da Natureza

As modernas ciências naturais, as únicas que alcançaram um desenvolvimento científico, sistemático e completo, em contraste com as geniais intuições filosóficas que os antigos aventuravam acerca da natureza, e com as descobertas dos árabes, muito importantes mas esporádicas e que se perderam, na maioria dos casos, sem oferecer o menor resultado positivo; as modernas ciências naturais, como quase toda a história, datam da grande época que nós, os alemães, chamamos Reforma - segundo a desgraça nacional que então nos acontecera -, os franceses chamam Renaissance e os italianos Cinquecento1, embora nenhuma dessas denominações reflita com toda plenitude o seu conteúdo. Essa é a época que se inicia com a segunda metade do século XV. O Poder real, apoiando-se nos habitantes das cidades, derrubou o poderio da nobreza feudal e estabeleceu grandes monarquias, baseadas essencialmente no princípio nacional e em cujo selo se desenvolveram as nações européias modernas e a moderna sociedade burguesa. Enquanto os moradores das cidades e os nobres achavam-se ainda enredados em sua luta, a guerra camponesa na Alemanha apontou profeticamente as futuras batalhas de classe: não só saíram à arena os camponeses sublevados - isso nada constituía de novo -, mas atrás deles apareceram os antecessores do proletariado moderno, desfraldando a bandeira vermelha e tendo nos lábios a reivindicação da propriedade comum sobre os bens. Nos manuscritos salvos na queda de Bisâncio, nas antigas estátuas escavadas nas ruínas de Roma, um novo mundo - a Grécia antiga - se ofereceu aos olhos atônitos do Ocidente. Os espectros da Idade Média desvaneceram-se diante daquelas formas luminosas; na Itália verificou-se um inusitado florescimento, da arte, que veio a ser como um reflexo da antigüidade clássica e que jamais voltou a repetir-se. Na Itália, na França e na Alemanha nasceu uma literatura nova, a primeira literatura moderna. Pouco depois chegaram as épocas clássicas da literatura na Inglaterra e na Espanha. Romperam-se os limites do velho "orbis terrarum"2; só então foi descoberto o mundo, no sentido próprio da palavra, e se assentaram as bases para o subseqüente comércio mundial e para a passagem do artesanato à manufatura, que por sua vez serviu de ponto de partida à grande indústria moderna. Foi abatida a ditadura espiritual da Igreja; a maioria dos povos germânicos pôs por terra o seu jugo e abraçou a religião protestante, enquanto que entre os povos românicos lançava raízes cada vez mais profundas e abria caminho para o materialismo do século XVIII uma serena liberdade de pensamento, herdada dos árabes e alimentada pela filosofia grega, de novo descoberta. Foi essa a maior revolução progressista que a humanidade conhecera até então; foi uma época que exigia gigantes e que forjou gigantes pela força do pensamento, pela paixão e o caráter, pela universalidade e a erudição. Dos homens que lançaram as bases do atual domínio da burguesia poderá dizer-se o que se quiser, mas de modo nenhum que tenham pecado de limitação burguesa. Pelo contrário: todos eles se achavam dominados, em maior ou menor medida, pelo espírito de aventuras inerentes A época. Quase não havia nem um só grande homem que não houvesse realizado longas viagens, não falasse quatro ou cinco idiomas e não brilhasse em vários domínios da ciência e da técnica. Leonardo da Vinci não só foi um grande pintor, mas um exímio matemático, mecânico e engenheiro, ao qual devemos importantes descobertas nos mais diferentes ramos da física. Alberto Durero foi pintor, gravador, escultor, arquiteto e, além disso idealizou um sistema de fortificação que encerrava pensamentos muito tempo depois desenvolvidos por Mantelembert e pela moderna ciência alemã da fortificação. Maquiavel foi homem de Estado, historiador, poeta, além de ter sido o primeiro escritor militar digno de menção dos tempos modernos. Lutero não só limpou os estábulos de Augias da Igreja, como também os do idioma alemão, foi o pai da prosa alemã contemporânea e compôs a letra e a música do hino triunfal que chegou a ser a Marselhesa do século XVI. Os heróis daqueles tempos ainda não eram escravos da divisão do trabalho, cuja influência comunica à atividade dos homem, como podemos observá-lo em muitos de seus sucessores, um caráter limitado e unilateral. O que mais caracteriza os referidos heróis é que quase todos eles viviam plenamente os interesses de seu tempo, participavam de maneira ativa na luta política, aderiam a um ou outro partido e lutavam, uns com a palavra e a pena, outros com a espada, e outros com ambas as coisas ao mesmo tempo. Daí a plenitude o a força de caráter que fazem deles homens de uma só peça. Os sábios de gabinete eram nessa época uma exceção: eram homens de segunda ou terceira linha, ou prudentes filisteus que não desejam sujar os dedos. Também as ciências naturais desenvolviam-se então em meio à revolução geral o eram profundamente revolucionárias, pois deviam conquistar ainda o direito à existência. Ao lado dos grandes italianos que deram nascimento à nova filosofia, as ciências naturais ofereceram os seus mártires às fogueiras e aos cárceres da Inquisição. É de notar que os protestantes superaram os católicos nas perseguições contra a investigação livre da natureza. Servet foi queimado, por ordem de Calvino quando se achava às portas da descoberta da circulação do sangue, sendo mantido vivo por duas horas na fogueira; a Inquisição, pelo menos, deu-se por satisfeita queimando simplesmente Giordano Bruno. O ato revolucionário com que as ciências naturais declararam sua independência e pareceram repetir a ação de Lutero quando este queimou a bula do papa, foi a publicação da obra imortal em que Copérnico, se bem que timidamente e, por assim dizer, em seu leito de morte, vibrou o guante contra a autoridade da Igreja nas questões acerca da natureza. Data de então a emancipação das ciências naturais relativamente à teologia, embora a luta por alguns protestos recíprocos se prolongue até os nossos dias e, em certas consciências, está muito longe ainda de ter terminado. Mas a partir daí operou-se, a passos agigantados, o desenvolvimento da ciência, e pode-se dizer que esse desenvolvimento se intensificou proporcionalmente ao quadrado da distância (no tempo) que o separa de seu ponto de partida. Era como se fosse necessário demonstrar ao mundo que a partir de então regia para o produto supremo da matéria orgânica - o espírito humano - uma lei do movimento inversa à lei do movimento que vigorava para a matéria inorgânica. A tarefa principal no primeiro período das ciências naturais, período que acabava de começar, consistia em dominar o material que se tinha à mão. Na maior parte dos ramos tornou-se necessário começar pelo mais elementar. Todo o legado da antigüidade resumia-se em Euclídes e o sistema solar de Ptolomeu, e o legado dos árabes à numeração decimal, os rudimentos da álgebra, os numerais modernos e a alquimia; a Idade Média cristã nada havia deixado. Em tal situação era inevitável que ocupassem o primeiro posto as ciências naturais mais elementares: a mecânica dos corpos terrestres e celestes e, ao mesmo tempo, e como seu auxiliar, a descoberta e o aperfeiçoamento dos métodos matemáticos. Grandes realizações foram conseguidas nesse domínio. Em fins desse período, caracterizado por Newton e Linneu, vemos que esses ramos da ciência atingiram certo auge. No fundamental, foram estabelecidos os métodos matemáticos mais importantes: a geometria analítica, principalmente por Descartes, os logaritmos, por Neper, e as cálculos, diferencial e integral, por Leibniz e, talvez, por Newton. O mesmo pode ser dito quanto à mecânica dos corpos sólidos, cujas leis principais foram encontradas de uma vez e para sempre. Finalmente, na astronomia do sistema solar, Kepler descobriu as leis do movimento planetário, e Newton as formulou do ponto de vista das leis gerais do movimento da matéria. Os demais ramos das ciências naturais estavam muito longe de haver alcançado sequer esse apogeu preliminar. A mecânica dos corpos líquidos e gasosos só foi elaborado com maior amplitude em fins do período indicado. (Torricelli em conexão com a regulação das torrentes dos Alpes 3). A física propriamente dita achava-se ainda em cueiros, com exceção da ótica, que conseguiu realizações extraordinárias, impulsionada pelas necessidades práticas da astronomia. A química acabava de libertar-se da alquimia graças à teoria do flogisto4. A geologia ainda não havia saldo do estado embrionário representado pela mineralogia, e por isso a paleontologia não podia existir. Finalmente, no domínio da biologia a preocupação fundamental era a acumulação e a classificação elementar de um imenso acervo de dados não só botânicos e zoológicos, mais também anatômicos e fisiológicos no sentido verdadeiro da palavra. Quase não se podia falar ainda da comparação das diferentes formas de vida nem do estudo de sua distribuição geográfica, condições climatológicas e demais condições de existência. Aqui, unicamente a botânica e a zoologia, graças a Linneu, alcançaram uma estruturação relativamente acabada. Mas o que sobretudo caracteriza esse período é a elaboração de uma peculiar concepção do mundo, na qual o ponto de vista mais importante é a idéia da imutabilidade absoluta da natureza. Segundo essa idéia, a natureza, independentemente da forma em que houvesse nascido, uma vez presente permanecia sempre imutável, enquanto existisse. Os planetas e seus satélites, uma vez postos em movimento pelo misterioso "impulso inicial", seguiam eternamente, ou pelo menos até o fim de todas as coisas, suas elipses prescritas. As, estrelas permaneciam eternamente fixas e imóveis em seus lugares, mantendo-se neles umas às outras em virtude da "gravitação universal". A Terra permanecia imutável desde o seu surgimento ou - segundo o ponto de vista - desde a sua criação. As "cinco partes do mundo" existiram sempre, e sempre tiveram as mesmas montanhas, vales e rios, o mesmo clima, a mesma flora e a mesma fatia, com exceção do que fora mudado ou transplantado pelo homem. As espécies vegetais e animais foram estabelecidas de uma vez para sempre ao aparecer, cada indivíduo sempre produzia outros iguais a ele, e Linneu fazia já uma grande concessão ao admitir que em alguns lugares, graças ao cruzamento, podiam ter surgido novas espécies. Em oposição à história da humanidade, que se desenvolvia no tempo, atribuía-se à história natural unicamente o desenvolvimento no espaço. Negava-se toda transformação, todo desenvolvimento na natureza. As ciências naturais, tão revolucionárias a princípio, viram-se frente a uma natureza conservadora até à medula, na qual tudo continuava sendo como fora no início e na qual tudo devia continuar, até o fim do mundo ou eternamente, tal qual fora desde o princípio mesmo das coisas. As ciências naturais da primeira metade do século XVIII achavam-se tão acima da antigüidade grega quanto ao volume dos seus conhecimentos e mesmo quanto à sistematização dos dados, como abaixo no que se referia à sua interpretação, à concepção geral da natureza. Para os filósofos gregos o mundo era, em essência, algo surgido do caos, algo que se desenvolvera, que havia chegado a ser. Para todos os naturalistas do período que estamos estudando o mundo era algo ossificado, imutável, e para a maioria deles algo criado subitarnente. A ciência achava-se ainda profundamente imersa na teologia. Em toda parte procurava e encontrava como causa primária um impulso exterior, que não se devia à própria natureza. Se a atração, que Newton chamava pomposamente gravitação universal, é concebida como uma propriedade essencial da matéria, de onde provém a incompreensível força tangencial que deu origem às órbitas dos planetas? Como surgiram as inumeráveis espécies vegetais e animais? E como, em particular, surgiu o homem, a respeito do qual se está de acordo em que não existe eternamente? Ao responder a tais perguntas as ciências naturais limitavam-se, freqüentemente, a apresentar o criador como responsável por tudo. No começo desse período Copérnico expulsou da ciência a teologia; Newton encerra essa época com o postulado do impulso divino inicial. A Idéia geral mais elevada alcançada pelas ciências naturais do período considerado é a da congruência da ordem estabelecida na natureza, a teleologia, vulgar de Wolff, segundo a qual os gatos, foram criados para devorar os ratos, os ratos para ser devorados pelos gatos e toda a natureza para demonstrar a sabedoria do criador. Devem ser assinalados dois grandes méritos da filosofia da época que, apesar da limitação das ciências naturais contemporâneas, não se desorientou e - começando por Spinoza e acabando pelos grandes materialistas franceses - esforçou-se tenazmente para explicar o mundo partindo do próprio mundo e deixando a justificação detalhada dessa idéia para as ciências naturais do futuro. Incluo também nesse período os materialistas do século XVIII, porque não dispunham de outros dados das ciências naturais além dos que foram descritos acima. A obra de Xant, que posteriormente faria época, não foi por eles conhecida, e Laplace apareceu muito depois deles. Não esqueçamos que embora os progressos da ciência abrissem numerosas brechas nessa caduca concepção da natureza, toda a primeira metade do século XIX se encontrou, apesar de tudo, sob a sua influência; em essência, ainda hoje ela continua a ser ensinada em todas as escolas5. A primeira brecha nessa concepção fossilizada da natureza não foi aberta por um naturalista, mas por um filósofo. Em 1755 apareceu a História Natural do Mundo e Teoria do Céu, de Kant. A questão do impulso inicial foi eliminada; a Terra e todo o sistema solar surgiram como algo que se desenvolve no transcurso do tempo. Se a maioria esmagadora dos naturalistas não tivesse em relação ao pensamento a aversão que Newton exprimiu na advertência "Física, guarda-te da metafísica!", a genial descoberta de Kant lhes teria permitido fazer deduções que poriam fim ao seu interminável extravio por sinuosos despenhadeiros e poupado o tempo e o esforço dissipados copiosamente ao seguir falsas direções, uma vez que a descoberta de Kant era o ponto de partida para todo progresso ulterior. Se a Terra era alguma coisa que havia chegado a ser, alguma coisa que também havia chegado a ser era o seu estado geológico, geográfico e climático, assim como suas plantas e seus animais; a Terra não só devia ter sua história de coexistência no espaço, mas também de sucessão no tempo. Se as ciências naturais houvessem continuado sem tardança e de maneira resoluta as investigações nesse rumo, estariam hoje muito mais adiantadas. Mas, que podia dar de bom a filosofia? A obra de Kant não proporcionou resultados imediatos senão muitos anos depois, quando Laplace e Herschel desenvolveram o seu conteúdo e a fundamentaram mais detalhadamente, preparando assim, gradualmente, a admissão da "hipótese das nebulosas"'. Descobertas posteriores deram, por fim, vitória a essa teoria. As mais importantes entre essas descobertas foram: a do movimento próprio das estrelas fixas, a demonstração de que no espaço cósmico existe um meio resistente e a prova, fornecida pela análise espectroscópica, da identidade química da matéria cósmica e a existência - suposta por Kant - de massas nebulosas incandescentes. [A influência retardadora das marés na rotação da Terra, também suposta por Kant, sã agora foi compreendida]. Contudo, pode-se pôr em dúvida que a maioria dos naturalistas tenha adquirido logo consciência da contradição entre a idéia de uma Terra sujeita a transformações e a teoria da imutabilidade dos organismos que nela se encontram, se a nascente concepção de que a Terra não existe simplesmente, mas se encontra em processo de devenir e de mudança não fosse apoiada por outro lado. Nasceu a geologia e não só descobriu estratos geológicos formados uns depois de outros e situados uns sobre os outros, mas a presença neles de carcassas, de esqueletos de animais extintos e de troncos, folhas e frutos de plantas que hoje já não existem. Impunha-se reconhecer que não só a Terra, em seu conjunto, tinha sua história no tempo, mas que também a tinham a sua superfície e os animais e plantas nela existentes. A princípio isso não era reconhecido de bom grado. A teoria de Cuvier acerca dos cataclismos da Terra era revolucionária de palavra o reacionária de fato. Substituía um ato único de criação divina por uma série de atos de criação, fazendo do milagre a força motriz principal da natureza. Lyell foi o primeiro a introduzir o senso comum na geologia, substituindo as revoluções repentinas, disfarce do criador, pelo efeito gradual de uma lenta transformação da Terra7. A teoria de Lyell era mais incompatível com a admissão da constância das espécies orgânicas do que todas as teorias anteriores. A idéia da transformação gradual da crosta terrestre e das condições de vida nela existentes levava de modo direto à teoria da transformação gradual dos organismos e de sua adaptação ao meio em transformação, levava à teoria da variabilidade das espécies. Contudo, a tradição é uma força poderosa, não só na Igreja Católica, mas também na ciências naturais. Durante longos anos o próprio Lyéll não surpreendeu essa contradição, muito menos os seus discípulos. Isso foi resultado da divisão de trabalho que predominava então nas ciências naturais, em virtude da qual cada pesquisador se limitava, mais ou menos, A sua especialidade, sendo pouquíssimos os que não perderam a capacidade de abarcar o todo com o seu olhar. Enquanto isso, a física fizera enormes progressos, cujos resultados foram resumidos quase simultaneamente por três pessoas em 1842, ano que marcou época no setor das ciências naturais8. Mayer, em Heilbronn, e Joule, em Manchester, demonstraram a transformação do calor em força, mecânica e da força mecânica em calor. A determinação do equivalente mecânico em calor pôs fim a todas as dúvidas a respeito. Enquanto isso, Grove, que não era um naturalista, mas um advogado inglês, demonstrava, mediante uma simples elaboração dos resultados isolados já obtidos pela física, que todas as chamadas forças físicas - a força mecânica, o calor, a luz, a eletricidade, o magnetismo e inclusive a chamada energia química - transformavam-se umas em outras em determinadas condições, sem que se produzisse a menor perda de energia. Grove provou assim, uma vez mais, com suas investigações no domínio da física, o princípio formulado por Descartes ao afirmar que a quantidade de movimento existente no mundo é sempre a mesma. Graças a essa descoberta, as diferentes forças físicas, essas "espécies" constantes, por assim dizer, da física, diferenciaram-se em variadas formas do movimento da matéria, que se transformavam umas em outras de acordo com leis determinadas. Desterrou-se da ciência a casualidade da existência de tal ou qual quantidade de forças físicas, mas ficaram demonstradas suas interconexões e transições. A física, como antes a astronomia, chegou a um resultado que indicava necessariamente o ciclo eterno da matéria em movimento como a última conclusão da ciência. O desenvolvimento maravilhosamente rápido da química a partir de Lavolsier, e sobretudo a partir de Dalton, atacou por outro flanco as velhas concepções da natureza. A obtenção, por meios inorgânicos, de compostos que até então só haviam sido produzidos nos organismos vivos, demonstrou que as leis da química tinham a mesma validez tanto para os corpos orgânicos como os inorgânicos e superou em grande parte o pretenso abismo entre a natureza inorgânica e a orgânica, abismo que Kant considerava insuperável pelos séculos dos séculos. Finalmente, também na esfera das pesquisas biológicas as viagens e expedições científicas organizadas de modo sistemático a partir de meados do século passado, o estudo mais meticuloso das colônias européias em todas as partes do mundo pelos especialistas que ali vivem e, ademais, as realizações da paleontologia, a anatomia e a fisiologia em geral, sobretudo desde que começou a ser sistematicamente usado o microscópio e se descobriu a célula; tudo isso acumulou tal quantidade de dados que se tornou possível - e necessária - a aplicação do método comparativo [embriologia]. De um lado, a geografia física comparada permitiu determinar as condições em que vivem as diferentes floras e faunas; de outro lado, foram comparados diferentes organismos, uns com os outros, segundo seus órgãos homólogos, e por certo não só no estado de maturidade, mas em todas as fases de seu desenvolvimento. E quanto mais profunda e exata era essa pesquisa, tanto mais se esfumava o rígido sistema que supunha a natureza orgânica imutável e fixa. Não só se iam tornando mais difusas, as fronteiras entre as diferentes espécies vegetais e animais, como foram descobertos animais, como o anfioxo9 e o lepidosirena10, que pareciam burlar de toda a classificação existente até então [Ceratodus11. Ditto archeopteryx12, etc); finalmente, foram encontrados organismos dos quais nem sequer se pode dizer se pertencem ao mundo animal ou ao vegetal. As lacunas nos anais da paleontologia iam sendo preenchidas uma após outra, o que forçava os mais obstinados ao reconhecimento do assombroso paralelismo existente entre a história do desenvolvimento do mundo orgânico em seu conjunto e a história do desenvolvimento de cada organismo em separado: o fio de Ariadne que devia indicar a saída do labirinto no qual a botânica e a zoologia pareciam cada vez mais perdidas. Observe-se que quase ao mesmo tempo em que Kant; atacava a doutrina da eternidade do sistema solar, C. F. Wolff desencadeava, em 1759, o primeiro ataque contra a teoria da constância das espécies e proclamava a teoria da evolução. Mas o que apenas antecipara brilhantemente tomou uma forma concreta nas mãos de Oken, Lemarck e Baer e foi vitoriosamente implantado na ciência por Darwin, em 1859, exatamente cem anos depois. Quase ao mesmo tempo ficou estabelecido que o protoplasma e a célula, considerados até então como os únicos constituintes morfológicos de todos os organismos, eram também, formas orgânicas inferiores com existência independente. Todas essas realizações reduziram ao mínimo o abismo entre a natureza inorgânica e a orgânica e eliminaram um dos principais obstáculos que se erguiam ante a teoria da evolução dos organismos. A nova concepção da natureza achava-se já traçada em seus aspectos fundamentais: dissolveu-se toda rigidez, tudo o que era inerte adquiriu movimento, toda particularidade considerada como eterna passou a ser passageira, e ficou demonstrado que a natureza move-se num fluxo eterno e cíclico. *** E assim voltamos à concepção que os grandes fundadores da filosofia grega tinham do mundo - a concepção de que toda a natureza, desde suas mais ínfimas partículas aos corpos mais gigantescos, desde o grão de areia até o Sol, desde o protísta até o homem, acha-se em estado perene de nascimento e morte, em fluxo constante, sujeito a incessantes transformações e movimentos. Com a única diferença essencial de que o que fora para os gregos uma intuição genial é, em nosso caso, o resultado de uma rigorosa investigação científica baseada na experiência e que tem, por isso, uma forma mais definitiva e mais clara. É certo que a prova empírica desse movimento cíclico não está isenta de lacunas, mas, estas, insignificantes em comparação com o que já se conseguiu estabelecer firmemente, são menores cada ano. Além do mais, como pode ser essa prova isenta de lacunas em alguns detalhes se levarmos em conta que os ramos mais importantes do saber - a astronomia transplanetáría, a química, a. geologia - contam apenas um século, que a fisiologia comparada existo apenas há cinqüenta anos e que a forma básica do quase todo desenvolvimento vital, a cédula, foi descoberta há menos de quarenta anos? *** Os inumeráveis sóis e sistemas solares de nossa ilha cósmica, limitada pelos anéis siderais extremos da Via Láctea, desenvolveram-se graças à contração e esfriamento de nebulosas Incandescentes, sujeitas a um movimento em torvelinho cujas leis talvez sejam descobertas depois que vários séculos de observações nos proporcionarem uma idéia clara do movimento próprio das estrelas. Evidentemente, esse movimento não se operou em toda parte com a mesma celeridade. A astronomia é cada vez mais obrigada a reconhecer que, além dos planetas, existe em nosso sistema sideral corpos opacos, sóis extintos (Mädler); por outro lado (segundo Secchi), uma parte das manchas nebulares gasosas pertence a nosso sistema estelar como sóis ainda não formados, o que não exclui a possibilidade de que outras nebulosas, como afirma Mädler, sejam distantes ilhas cósmicas independentes, cujo estádio relativo de desenvolvimento deve ser estabelecido pelo espectroscópio. Laplace demonstrou, minuciosamente e com mestria até hoje não superada, como um sistema solar se desenvolve a partir de uma massa nebular independente; conquistas posteriores da ciência vieram provar, cada vez com maior força, que ele tinha razão. Nos corpos Independentes formados dessa maneira - tanto nos sóis como nos planetas e seus satélites - prevaleceu a princípio a forma de movimento da matéria que chamamos calor. Não se pode falar de compostos de elementos químicos nem sequer à temperatura que tem atualmente o Sol; observações posteriores sobre o Sol demonstraram-nos até que ponto o calor se transforma em eletricidade ou em magnetismo; já se acha quase provado que os movimentos mecânicos que se operam no Sol são devidos exclusivamente ao conflito entre o calor e a gravidade. Os corpos desprendidos das nebulosas esfriam-se mais rapidamente quanto menores são. Primeiro esfriam-se os satélites, os asteróides e os meteoritos, do mesmo modo que a nossa Lua há muito se esfriou. Nos planetas esse processo opera-se mais lentamente, e no astro central com maior lentidão ainda. Paralelamente ao esfriamento progressivo começa a manifestar-se com força crescente a interação das formas físicas de movimento que se transformam umas em outras, até que, por fim, se chega a um ponto em que a afinidade química começa a deixar-se sentir, em que os elementos químicos antes indiferentes se diferenciam quimicamente, adquirem propriedades químicas e se combinam uns com os outros. Essas combinações alteram-se continuamente com a diminuição da temperatura - que influi de um modo diferente já não só em cada elemento, mas em cada combinação de elementos -; mudam com a conseqüente passagem de uma parte da matéria gasosa primeiro ao estado líquido, depois ao estado sólido e com as novas condições assim criadas. O período em que o planeta adquire sua crosta sólida e aparecem acumulações de água em sua superfície coincide com o período em que a importância do seu calor intrínseco diminui mais e mais em comparação com o que recebe do astro central. Sua atmosfera converte-se em palco de fenômenos meteorológicos no sentido que damos hoje a esta palavra, e sua superfície em palco de mudanças geológicas, nas quais os depósitos resultantes das precipitações atmosféricas vão ganhando cada vez maior preponderância sobre os efeitos, lentamente decrescentes, do fluído incandescente que constituísse um núcleo interior. Finalmente, quando a temperatura desceu até tal ponto - pelo menos em uma parte importante da superfície que já não ultrapassa os limites em que a albumina é capaz de viver, forma-se, desde que se dêem outras condições químicas favoráveis, o protoplasma vivo. Hoje, ainda não sabemos que condições são essas, o que não pode causar estranheza, já que até agora não se conseguiu estabelecer a fórmula química da albumina, nem sequer conhecemos quantos albuminóides existem, e só há uns dez anos sabemos que a albumina completamente desprovida de estrutura cumpre todas as funções essenciais da vida: a digestão, a excreção, o movimento, a contração, a reação aos estímulos e a reprodução. Transcorreram seguramente milhares de anos antes que se dessem as condições para o seguinte passo adiante, e da albumina informe surgisse a primeira célula, graças à formação do núcleo e da membrana. Mas com a primeira célula obteve-se a base para o desenvolvimento morfológico de todo o mundo orgânico; o que primeiro se desenvolveu, segundo podemos coligir levando em conta os dados fornecidos pelos - arquivos de paleontologia, foram inúmeras espécies de protistas acelulares e celulares - delas só chegou até nós o Eozoon canadense13 - que foram diferenciando-se até formar as primeiras plantas e os primeiros animais. E dos primeiros animais desenvolveram-se essencialmente graças à diferenciação, incontáveis classes, ordens, famílias, gêneros e espécies, até chegar aos vertebrados e, finalmente, entre estes, à forma na qual o sistema nervoso alcança seu mais pleno desenvolvimento e em que a natureza adquire consciência de si mesma na pessoa do homem. Também o homem surge em virtude da diferenciação, e não só como indivíduo - desenvolvendo-se a partir de um simples óvulo até formar o organismo mais complexo produzido pela natureza - mas também no sentido histórico. Quando, depois de uma luta de milênios, a mão por fim se diferenciou dos pés e se chegou à atitude ereta, o homem tornou-se diferente do macaco e ficou assentada a base para o desenvolvimento da linguagem articulada e para o poderoso desenvolvimento do cérebro, que desde então abriu um abismo infranqueável entre o homem e o macaco. A especialização da mão implica o aparecimento da ferramenta, e esta implica atividade especificamente humana, a ação reciproca transformadora do homem sobre a natureza, a produção. Também os animais têm ferramentas no sentido mais estreito da palavra, mas só como membros de seu corpo: a formiga, a abelha, o castor; os animais também produzem, mas o efeito de sua produção sobre a natureza que os rodeia é igual a zero em relação a esta última. Unicamente o homem conseguiu imprimir seu selo à natureza, e não só transportando plantas e animais de um lugar para outro, mas inclusive modificando o aspecto e o clima do lugar em que mora, modificando as próprias plantas e os animais a tal ponto que os resultados de sua atividade só podem desaparecer. com a extinção geral do globo terrestre. E isso foi conseguido pelo homem valendo-se, antes de tudo e sobretudo, da mão. Até a máquina a vapor, que é hoje sua ferramenta mais poderosa para a transformação da natureza, depende, no final das contas, como ferramenta, da atividade das mãos. Contudo, paralelamente às mãos, foi desenvolvendo-se, passo a passo, o cérebro; ia surgindo a consciência, primeiro das condições necessárias para obter certos resultados práticos úteis; depois, sobre essa base, nasceu entre os povos que se achavam numa situação mais vantajosa a compreensão das leis da natureza que determinam os referidos resultados úteis. Ao mesmo tempo que se desenvolvia rapidamente o conhecimento das leis da natureza, aumentavam os meios de ação reciproca sobre ela; a mão só jamais teria conseguido criar a máquina a vapor se, paralelamente e em parte graças à mão, não se teria desenvolvido correlativamente o cérebro do homem. Com o homem, ingressamos na história. Também os animais têm uma história, a de sua origem e desenvolvimento gradual até seu estado presente. Mas os animais são objetos passivos da natureza, e quando participam nela, isso se dá sem seu conhecimento ou desejo. Os homens, ao contrário, à medida que se afastam mais dos animais no sentido estrito da palavra, em maior grau fazem eles próprios sua história, conscientemente, e tanto menor é a influência que exercem sobre essa história as circunstâncias imprevistas e as forças incontroladas, e tanto mais exatamente há uma correspondência entre o resultado histórico e os fins de antemão estabelecidos. Mas se aplicamos essa mesma rasoura à história humana, inclusive à história dos povos mais desenvolvidos de nosso século, veremos que mesmo aqui existe ainda uma colossal discrepância entre os objetivos propostos e os resultados obtidos, veremos que continuam prevalecendo as influências imprevistas, que as forças incontroladas são muito mais poderosas do que as postas em movimento de acordo com um plano. E não será de outro modo enquanto a atividade histórica mais essencial dos homens, aquela que os elevou do estado animal ao humano e forma a base material de todas as suas demais atividades - refiro-me à produção dos seus meios de subsistência, isto é, ao que chamamos produção social -- for particularmente subordinada à ação imprevista de forças incontroladas e enquanto o objetivo desejado for atingido só com exceção, e muito mais freqüentemente se obtenham resultados diametralmente opostos. Nos países industriais mais adiantados submetemos as forças da natureza, pondo-as a serviço do homem; graças a isso aumentamos incomensuravelmente a produção, de modo que hoje uma criança produz mais do que antes cem adultos produziam. Mas, quais foram as conseqüências desse incremento da produção? O aumento do trabalho esgotador, uma miséria crescente das massas e uma crise imensa cada dez anos, Darwin não suspeitava que sátira tão amarga escrevia dos homens, em particular de seus compatriotas, quando demonstrou que a livre concorrência, a luta pela existência celebrada pelos economistas como a maior realização histórica, era o estado normal do mundo animal. Só uma organização consciente da produção social, em que a produção e a distribuição obedeçam a um plano, pode elevar socialmente os homens sobre o resto do mundo animal, do mesmo modo que a produção em geral os elevou como espécie. O desenvolvimento histórico torna cada dia essa organização mais necessária e mais possível. Ela é que dará nascimento à nova época histórica em que os próprios homens, e com eles todos os ramos de sua atividade, especialmente as ciências naturais, alcançarão êxitos em face dos quais será eclipsado tudo o que foi conseguido até agora. Mas, "tudo o que nasce deve morrer"14. Talvez passem ainda milhões de anos, nasçam e baixem à sepultura centenas de milhares de gerações, mas se aproxima inflexivelmente o tempo em que o calor decrescente do Sol já não poderá derreter o gelo procedente dos pólos; a humanidade, cada vez mais amontoada em torno do equador, não encontrará nem sequer ali o calor necessário para a vida; irá desaparecendo paulatinamente todo sinal de vida orgânica, e a Terra, morta, convertida numa esfera fria, como a lua, girará nas trevas mais profundas, seguindo órbitas mais e mais reduzidas em volta do Sol, também morto, e sobre o qual, por fim, cairá. Alguns planetas terão essa sorte antes da Terra, outros depois; e em lugar do luminoso e cálido sistema solar, com a harmoniosa disposição de seus componentes, restará tão só uma esfera fria e morta, que continuará ainda seu solitário caminho pelo espaço cósmico. Destino igual ao que aguarda o nosso sistema solar, será, antes ou depois, o de todos os demais sistemas de nossa ilha cósmica, inclusive aqueles cuja luz jamais alcançará a Terra enquanto restar um ser humano capaz de percebê-la. Mas o que se passará quando esse sistema solar houver terminado a sua existência, quando passar pela sorte de tudo o que é finito, a morte? Continuará o cadáver do Sol eternamente pelo espaço infinito, e todas as forças da natureza, antes infinitamente diferenciadas, em uma única forma do movimento, na atração? "Ou - como pergunta Secchi (pág. 810) - há na natureza forças capazes de fazer com que o sistema morto volte a seu estado original de nebulosa incandescente, capazes de despertá-lo para uma nova vida? Não o sabemos". Sem dúvida, não o sabemos no sentido em que sabemos que 2 x 2 = 4 ou que a atração da matéria aumenta e diminui na razão do quadrado da distância. Mas nas ciências naturais teóricas - que, na medida do possível, unem sua concepção da natureza em um todo harmonioso, e sem as quais o empírico mais limitado nada pode fazer em nossos dias -, temos com freqüência que operar com magnitudes imperfeitamente conhecidas; e a conseqüência lógica do pensamento teve que suprir, em todos os tempos, a insuficiência de nossos conhecimentos. As ciências naturais contemporâneas viram-se constrangidas a tomar da filosofia o princípio da indestrutibilidade do movimento; sem esse princípio as ciências naturais já não podem existir. Mas o movimento da matéria não é unicamente tosco movimento mecânico, mera troca de lugar; é calor e luz, tensão elétrica e magnética, combinação química e dissociação, vida e, finalmente, consciência. Dizer que a matéria em toda a eternidade só uma vez - e isso por um Instante, em comparação com sua eternidade - pode diferenciar seu movimento e, com isso, desfraldar toda a riqueza dele, e que antes e depois disso se viu limitada a simples deslocamentos de lugar - dizer tal coisa eqüivale a afirmar que a matéria é perecível e o movimento passageiro. A indestrutibilidade do movimento deve ser compreendida não só no sentido quantitativo, mas também no sentido qualitativo. A matéria cujo simples deslocamento mecânico de lugar inclui a possibilidade de transformação, verificando-se condições favoráveis, em calor, eletricidade, ação química, vida, mas que é incapaz de produzir essas condições por si mesmo - essa matéria sofreu determinado prejuízo em seu movimento. O movimento que perdeu a capacidade de ver-se transformado nas diferentes formas que lhe são próprias, embora possua ainda dynamis, já não tem energia, e por isso se acha praticamente destruído. Mas é inconcebível que ocorram um e outro. Está fora de dúvida, em todo caso, que houve um tempo em que a matéria de nossa ilha cósmica convertia em calor uma quantidade tão grande de movimento - até hoje não sabemos de que gênero - que dele puderam desenvolver-se os sistemas solares pertencentes (segundo Mädler) pelo menos a vinte milhões de estrelas e cuja extinção gradual é igualmente indubitável. Como se operou essa transformação? Sabemos disso tão pouco como o padre Secchi sabe se o futuro caput mortuum15 de nosso sistema solar se converterá de novo, alguma vez, em matéria-prima para novos sistemas solares. Mas aqui nos vemos obrigados ou a recorrer à ajuda do criador ou a concluir que a matéria-prima incandescente que deu origem aos sistemas solares de nossa ilha cósmica produziu-se de forma natural, por transformações do movimento que são inerentes por natureza à matéria em movimento e cujas condições devem, por conseguinte, ser reproduzidas pela matéria, embora depois de bilhões de anos, mais ou menos acidentalmente, mas com a necessidade que é também inerente à casualidade. Agora é cada vez mais admitida a possibilidade de semelhante transformação. Chega-se à convicção de que o destino final dos corpos celestes é cair uns sobre outros e se calcula inclusive a quantidade de calor que deve desenvolver-se em tais colisões. O aparecimento repentino de novas estrelas e o não menos repentino aumento do brilho de estrelas há muito conhecidas - sobre o que nos informa a astronomia - podem ser facilmente explicados por semelhantes colisões. Ademais, deve-se ter em conta que não somente os nossos planetas giram em tomo do Sol e que não só o nosso Sol se move dentro de nossa ilha cósmica, mas que toda esta última se move no espaço cósmico, achando-se em equilíbrio temporário relativo com as outras ilhas cósmicas, pois mesmo o equilíbrio relativo dos corpos que flutuam livremente pode existir só ali onde o movimento está reciprocamente condicionado; além disso, alguns admitem que a temperatura no espaço cósmico não é em toda parte a mesma. Finalmente sabemos que, com exceção de uma porção infinitesimal, o calor dos inumeráveis sóis de nossa ilha cósmica desaparece no espaço cósmico, procurando em vão elevar sua temperatura, ainda que seja em um milionésimo de grau centígrado. Que se faz de toda essa enorme quantidade de calor? Perde-se para sempre em sua tentativa de esquentar o espaço cósmico, cessa de existir praticamente e continua existindo só teoricamente no fato de que o espaço cósmico se aqueceu em uma fração decimal de grau, que começa com dez ou mais zeros? Essa suposição nega a indestrutibilidade do movimento; admite a possibilidade de que pela queda sucessiva dos corpos celestes uns sobre outros, todo o movimento mecânico existente se converterá em calor irradiado ao espaço cósmico, graças ao qual, a despeito de toda a "indestrutibilidade da força", cessaria em geral todo movimento. (Vê-se por aqui, certamente, quanto é incorreta a expressão indestrutibilidade da força em lugar de indestrutibilidade do movimento). Chegamos assim à conclusão de que o calor irradiado ao espaço cósmico deve, de um modo ou de outro - chegará um tempo em que as ciências naturais se proporão a tarefa de averiguá-lo - converter-se em uma forma de movimento em que tenha a possibilidade de concentrar-se uma vez mais e funcionar ativamente. Desaparece com isso o principal obstáculo que hoje existe para o reconhecimento da reconversão, dos sóis extintos em nebulosas incandescentes. Ademais, a sucessão eternamente reiterada dos mundos no tempo infinito é apenas um complemento lógico à coexistência de inumeráveis mundos no espaço infinito. Êsse é um princípio cuja necessidade indiscutível mesmo o cérebro antiteórico do ianque Draper16 foi forçado a reconhecer, Esse é o céu eterno em que se move a matéria, um ciclo que unicamente encerra sua trajetória em períodos para os quais o nosso ano terrestre não pode servir de unidade de medida, um ciclo no qual o tempo de máximo desenvolvimento, o tempo da vida orgânica e, ainda mais, o tempo de vida dos seres conscientes de si mesmos e da natureza, é tão precariamente medido como o espaço em que existem a vida e a autoconsciência; um ciclo no qual cada forma finita de existência da matéria - tanto um sol como uma nebulosa, um indivíduo animal ou uma espécie de animais, a combinação química ou a dissociação - é igualmente passageira e no qual nada existe de eterno além da matéria em eterno movimento e transformação e as leis segundo as quais se move e se transforma. Mas, por mais freqüente e inflexivelmente que esse se opere no tempo e no espaço, por mais milhões de sóis e terras que nasçam e morram, por mais que possam demorar em criar-se em um sistema solar e mesmo em um só planeta as condições orgânicas, por mais inumeráveis que sejam os seres orgânicos que devam surgir e perecer antes de se desenvolverem de seu meio animais com um cérebro capaz de pensar e que encontrem por um breve prazo condições favoráveis para sua vida, para ser logo também aniquilados sem piedade, temos a certeza de que a matéria será eternamente a mesma em todas; as suas transformações, de que. nenhum de seus atributos pode jamais perder-se e que por, isso com a mesma necessidade férrea com que há de exterminar na Terra sua criação superior, a mente pensante, há de voltar a criá-la em algum outro lugar. Escrito por F. Engels em 1875/1876. Publicado pela primeira vez em 1925. Publica-se segundo a edição soviética de 1952, de acordo com o, manuscrito em alemão. Traduzido do espanhol.