quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Defensivo agrícola é veneno mesmo

"Existem coisas que você não gostaria de ter na sua mesa, agrotóxicos, por
exemplo", era a frase escrita num cartaz da Semana dos Orgânicos de alguns
anos atrás. Agora todos nós temos mais razões ainda para não querê-los. A
Folha de sábado 23/08/2008 noticiou: Brasil importa agrotóxico vetado no
exterior. Lá podemos ler que, enquanto a justiça proíbe a Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária) de fazer a reavaliação toxicológica de
agrotóxicos comercializados no país, o Brasil já importou, até 31 de julho
de 2008, 34.255 toneladas de substâncias que foram vetadas pelos próprios
países que as produzem. São produtos usados em grande quantidade em
alimentos como batata, tomate, banana, feijão, arroz, abacate, abacaxi,
beterraba, citrus, couve, maçã, pêra, pêssego, uva, trigo, café etc. Como
podemos ver, alimentos de consumo diário regados com agrotóxicos proibidos
em países lá fora.


Na imprensa e na mídia em geral, pouco se noticia sobre o uso de veneno nos
alimentos. Assim o consumidor nem sabe o que acontece na agricultura e
pensa que está tudo perfeitamente bem com os alimentos que consome. Por
isso até é bom que algo mais grave aconteça que faz com que este assunto
chegue até o noticiário. Dessa maneira ficamos sabendo também dos lobbys
poderosos dos fabricantes de agrotóxicos e sua falta de escrúpulos.


Um dos produtos proibidos no exterior é o herbicida Paraquate, também
chamado Gramaxone. A importação, em comparação a 2006, aumentou 311 vezes:
de 82 toneladas para 25.839 toneladas, até 31 de julho de 2008. O produto é
muito perigoso, principalmente para os trabalhadores rurais que aplicam o
produto. Um grama ingerido por uma pessoa de 60 kg já é fatal. A morte
surge após alterações gastrointestinais, insuficiência respiratória aguda
que evolui para fibrose pulmonar, insuficiência renal por necrose tubular e
insuficiência renal e hepática. Quando a dose ingerida é mais de um grama,
é letal em horas ou poucos dias, principalmente por destruição do pulmão.
Infelizmente não existe antídoto específico para este veneno.


Os outros 4 produtos são: paration metílico, endossulfan, carbofuran e
metamidofós. São produtos que matam por contato, através do estômago ou
pulmão, e alguns são sistêmicos, quer dizer, penetram na pele do homem,
animal e planta. Na planta ficam circulando na seiva, o que impossibilita a
remoção através de lavagem. A toxicidade (LD50) varia de 8 - 40mg por kg de
peso. Isso quer dizer: a quantidade de miligramas (mg) do veneno que
precisa para matar 50% dos ratos em teste de laboratório (Letal Dose LD
50). Para uma pessoa de 60 kg (60kg x 8mg = 480 mg): igual a 0,5 grama,
para matar um homem. Dá para entender o absurdo de jogar isso no nosso
alimento, inclusive nos alimentos para crianças e da merenda escolar?


Defensivo agrícola é veneno mesmo. Ainda bem que, para os consumidores
conscientes, existem os alimentos orgânicos certificados.


Joop Stoltenborg

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