quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A vitória dos enlatados

Pessoas tambem é meio ambiente
Comida tambem é meio ambiente



imagem775-a.jpgGoverno troca mistura nutricional consagrada há décadas por produtos industrializados


HUGO MARQUES


PIONEIRA Há mais de três décadas Clara Brandão criou um composto alimentar que revolucionou a nutrição infantil

A cena foi comovente. O vice-presidente José Alencar preparava-se para plantar uma árvore em Brasília quando foi abordado por uma nissei de 65 anos e 1,60 m de altura. Era manhã da quinta-feira 6. A mulher começou a mostrar fotografias de crianças esqueléticas, brasileiros com silhueta de etíopes, mas que tinham sido recuperadas com uma farinha barata e acessível, batizada de "multimistura". Alencar marejou os olhos. Pobre na infância no interior de Minas, o vice não conseguiu soltar uma palavra sequer. Apenas deu um longo e apertado abraço naquela mulher, a pediatra Clara Takaki Brandão. Foi ela quem criou a multimistura, composto de farelos de arroz e trigo, folha de mandioca e sementes de abóbora e gergelim. Foi esta fórmula que, nas últimas três décadas, revolucionou o trabalho da Pastoral da Criança, reduzindo as taxas de mortalidade infantil no País e ajudando o Brasil a cumprir as Metas do Milênio. E o que a pediatra foi pedir ao vicepresidente? Que não deixasse o governo tirar a multimistura da merenda das crianças. Mais do que isso, ela pediu que o composto fosse adotado oficialmente pelo governo. Clara já tinha feito o mesmo pedido ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão – mas ele optou pelos compostos das multinacionais, bem mais caros. "O Temporão disse que não é obrigado a adotar a multimistura", lamenta Clara.

Há duas semanas a energia elétrica da sala de Clara dentro do prédio do Ministério da Saúde foi cortada. Hoje, ela trabalha no escuro. "Já me avisaram que agora eu estou clandestina dentro do governo", ironiza a pediatra. Mas ela nem sempre viveu na escuridão. Prova disso é que, na semana passada, o governo comemorou a redução de 13% nos óbitos de crianças entre os anos de 1999 e 2004 – período em que a multimistura tinha se propagado para todo o País.

Desde 1973, quando chegou à fórmula do composto, Clara já levou sua multimistura para quase todos os municípios brasileiros, com a ajuda da Pastoral da Criança, reduto do PT. Os compostos da multimistura têm até 20 vezes mais ferro e vitaminas C e B1 em relação à comida que se distribui nas merendas escolares de municípios que optaram por comprar produtos industrializados. Sem contar a economia: "Fica até 121% mais caro dar o lanche de marca", compara Clara.



Quando ela começou a distribuir a multimistura em Santarém, no Pará, 70% das crianças estavam subnutridas e os agricultores da região usavam o farelo de arroz como adubo para as plantas e como comida para engordar porco. Em 1984, o Unicef constatou aumento de 220% no padrão de crescimento dos subnutridos. Dessa época, Clara guarda o diário de Joice, uma garotinha de dois anos e três meses que não sorria, não andava, não falava. Com a multimistura, um mês depois Joice começou a sorrir e a bater palmas. Hoje, a multimistura é adotada por 15 países. No Brasil só se transformou em política pública em Tocantins.

Clara acredita que enfrenta adversários poderosos. Segundo ela, no governo, a multimistura começou a ser excluída da merenda escolar para abrir espaço para o Mucilon, da Nestlé, e a farinha láctea, cujo mercado é dividido entre a Nestlé e a Procter & Gamble. "É uma política genocida substituir a multimistura pela comida industrializada", ataca a pediatra. A coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns, reconhece que a multimistura foi importante para diminuir os índices de desnutrição infantil. "A multimistura ajudou muito", diz. "Mas só ela não é capaz de dizimar a anemia; também se deve dar importância ao aleitamento materno." ISTOÉ procurou as autoridades do Ministério da Saúde ao longo de toda a semana, mas nenhuma delas quis se pronunciar. "O multimistura é um programa que não existe mais", limitou-se a informar a assessoria de imprensa.


imagem775-b.jpg




Fonte: Redação do Portal do Meio Ambi
Contato (noticias@rebia.org.br)

Tristeza e lamentaçao nao adianta mais , tem que ser feito algo...

Brasil começa a vender suas florestas

Carlos Rangel



A primeira mata pública a ser licitada para a iniciativa privada dentro do programa que o governo federal chama de manejo sustentável fica na Floresta Nacional (Flona) do Jamari, em Rondônia. A unidade de conservação tem 220 mil hectares e quase metade (90 mil hectares) será entregue como concessão. A responsabilidade por essa medida é do Ministério do Meio Ambiente, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB), que vai gerenciar o programa.


Mesmo com milhões de hectares degradados principalmente por pastagens, incluindo a Amazônia, o governo optou por entregar floresta em pé para exploração, que prevê pagamento pelo uso dos recursos naturais e manejo sustentável, que é retirar do local uma quantidade de produtos que não prejudiquem sua recuperação. Nos 90 mil hectares podem ser explorados frutos, madeira, sementes, resinas, óleos, entre outros produtos.


A concessão de florestas públicas pode ser liberada por 5 a 40 anos e poder á ser feita a empresas instaladas no País, independentemente da origem do capital. A área do Jamari será dividida em lotes de pequeno, médio e grande porte, que serão licitados separadamente e com regras distintas. O contrato de concessão da Floresta Nacional do Jamari tem assinatura prevista para março.


A concessão de áreas públicas para manejo sustentável deveria privilegiar áreas desmatadas, para reflorestamento, e não as já preservadas, afirmou Vanderleide Ferreira de Souza, do Conselho Nacional de Seringueiros. em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia. Em entrevista à Agência Brasil, o geógrafo Aziz Ab¿Saber, presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e professor emérito da USP, também criticou a medida: "Tenho absoluta certeza de que o exemplo, mais uma vez, mostra que o Brasil continua não sabendo gerenciar sua floresta. Estão, agora, privatizando a floresta".



Fonte: Luiz Braga
Contato (bsal2884@terra.com.br)

Isso é extremamente uma vergonha , fico triste com isso , é o inicio de uma desconstruçao do Brasil.

Secos e molhados - Arthur Soffiati

Desde que o clima se estabilizou no norte-noroeste fluminense, nos últimos quatro mil anos, é normal o ciclo de chuvas e estiagens no que poderíamos chamar de verão e inverno. No entanto, ultimamente, as chuvas e as secas têm aumentado sua intensidade nas respectivas estações. Parece que esta presumível mudança na estrutura climática está sendo considerada por técnicos, ruralistas, governantes e sociedade como algo natural. Como uma fatalidade diante da qual devemos nos resignar, tentando conviver com ela e tomando providências de curto e médio alcance para atenuar seus efeitos. É como se colocássemos sacos de areia nas portas de nossas casas toda vez que as águas sobem, em vez de barragens permanentes ou de transferência da moradia para um lugar seguro.


Sendo mais claro, ninguém cogita, ao que eu saiba, a possibilidade — ao menos a possibilidade — de estes fenômenos extremos serem já manifestações do aquecimento global. Em vez de se pensar em soluções de longo prazo, continua-se a empilhar sacos de areia nas portas das casas quando chove e carregar água em baldes quando vem a seca.


Se tomarmos o ano de 2007 até aqui, o comportamento do clima deveria levar os cientistas, os ruralistas, os governantes e as pessoas em geral a pelo menos suspeitar de que alguma mudança está ocorrendo ou pode ocorrer. Senão, vejamos. Segundo a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, nunca houve um janeiro tão chuvoso quanto o deste ano, desde que a medição da precipitação pluviométrica começou a ser feita. As chuvas torrenciais prolongaram-se fevereiro adentro. Esperava-se que chovesse no mês de março, mas ocorreu uma pequena estiagem. As temperaturas caíram mais durante o outono e o inverno está quente e seco.


Moro no norte-noroeste fluminense desde 1970 e nunca vivi um ano tão atípico em termos climáticos como o de 2007. Segundo informações fornecidas pelo pesquisador Elias Fernandes de Souza, da Universidade Estadual do Norte Fluminense, normalmente, o regime pluviométrico da região não é propício ao cultivo de cana. O desenvolvimento pleno deste vegetal requer uma precipitação pluviométrica anual em torno de 1500mm, mas a média gira em torno de 1000mm, mesmo assim com distribuição extremamente irregular: muita chuva no verão e pouca chuva no inverno. Ainda segundo a Uenf, o volume de chuvas nos meses de junho e julho ficou 71% abaixo do esperado para esta época. Por que não levantar a hipótese de que estas oscilações extremas indicam mudanças na estrutura climática dos últimos quatro mil anos? É melhor ter cautela do que insensatez.


Desde janeiro, só ouvimos a choradeira dos ruralistas. O governo precisa urgentemente construir um muro de lamentações para eles. Reclamam por chover demais ou de menos. Pressionam os governos municipais, estadual e federal a desviar dinheiro público para seus negócios, alegando que eles são também nossos negócios, pois geram empregos e tributos. Rios de dinheiro (com duplo sentido, por favor, já que estamos falando em excesso e escassez de água) que poderia ser aplicado em empreendimentos ambientais e sociais vão para uma atividade antiga, atrasada e danosa do ponto de vista ambiental e social.


Parece que os ruralistas vão passar o ano de 2007 com muita agressividade. Com o alagamento das partes baixas pelas copiosas chuvas de janeiro e fevereiro, eles passaram a idéia de que só o problema deles é importante e exigiram limpeza e dragagem de canais. Conseguiram que a Superintendência Estadual de Rios e Lagoas criasse o bastardo Grupo de Ação Integrada, com suas forças-tarefa para atacar o meio ambiente, em vez de contribuir para ativar o Consócio da Região Hidrográfica 09, a instância legal e legítima para gerenciar as bacias do baixo Paraíba, da Lagoa Feia e dos canais. Para aparentar legitimidade, convidaram alguns pescadores a integrarem o grupo.


O nível do rio Paraíba está tão baixo que suas águas não conseguem entrar pelos canais. Então, eles já estão reivindicando bombas para fazer o que a lei da gravidade não está conseguindo a fim de obter o mínimo de água para irrigação. Para comover a opinião pública, os presidentes do Sindicato Rural, da Asflucan e da Coagro tentam comover a opinião pública acenando com o risco de extinção da agroindústria sucro-alcooleira na região. Chegam mesmo a declarar que plantam cana e produzem açúcar e álcool por amor à atividade.


Ao mesmo tempo, estão preocupados com as próximas chuvas. Para tanto, querem a limpeza do canal da Flecha justo no Durinho da Valeta, que motivou dois levantes de pescadores na Lagoa Feia quando o DNOS tentou removê-lo. Espero que “limpeza” não signifique “remoção”. Espero também que os pescadores fiquem muito atentos a esta “limpeza”. Por sua vez, o presidente da Asflucan informa que o Fundecana só liberará recursos para os plantadores nas áreas de risco (leia-se, áreas subtraídas às lagoas) depois das chuvas de verão. Como o assunto dá pano pra mangas, voltarei a ele.


Depois de promover duas reuniões democráticas em favor do Consórcio do baixo rio Paraíba do Sul — na Fundenor e em Quissamã — e da definição da Região Hidrográfica 09, a Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla) tomou duas ações autoritárias e atrasadas. A primeira foi criar o Grupo de Ação Integrada (GAI) reunindo apenas os ruralistas, que tentaram dar-lhe uma camuflagem de legitimidade convidando alguns pescadores para assistirem às decisões em prol da cana e do gado, sabotando, assim, o Consórcio legal e legitimamente criado. A outra foi adotar uma orientação técnica retrógrada, rasa e parcial na gestão dos canais que interligam o rio Paraíba do Sul à lagoa Feia e ao rio Guaxindiba.


Estas duas decisões conspiraram contra a ativação e o fortalecimento do Consórcio bem como imprimiram uma direção pobre, pragmática, imediatista e subalterna ao trato da rede de canais. Foi a Serla, pressionada pelos ruralistas e usineiros, que levou os ecologistas a ingressar com uma representação contra o GAI (o que significa contra a Serla) nos Ministérios Públicos Federal e Estadual.


A sofreguidão dos ruralista e usineiros em conseguir ganhos ou a não sofrerem perdas a qualquer custo e a ambição da Serla de atuar sozinha, enquanto órgão não governamental de meio ambiente, numa Região Hidrográfica subordinada ao Comitê da Bacia do Rio Paraíba do Sul (Ceivap), pelo menos em metade dela, representa um golpe. Certamente, acarretará conseqüências danosas do ponto de vista ambiental, econômico, social, político e institucional. Para colocar as coisas no seu devido lugar, vislumbro, em caráter de ensaio, as seguintes atitudes:


1) Admitir a possibilidade de mudanças geográficas por conta do aquecimento global. Se o nível do mar subir e os fenômenos climáticos extremos se acentuarem, haverá perda de território, alterações de salinidade do solo, prejuízos ambientais, econômicos e sociais.


2) Formulação de um zoneamento ecológico-econômico regional. Este zoneamento separa as áreas de valor ecológico daqueles destinadas ao extrativismo, à agropecuária, à indústria e às cidades. Delimitando-se as áreas de preservação permanente, as unidades de conservação, as destinadas a proteção futura e as reservas legais, define-se a zona ecológica. Promovendo-se o zoneamento edafo-climático, estará estabelecida a grande zona econômica rural. O presidente da Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan) já deu entrevista sobre o assunto na imprensa local, mas não esclareceu o que entende por plano diretor. Este plano não pode mais ser apenas municipal. Ele tem de, no mínimo, aplicar-se às áreas dos tabuleiros, da planície aluvial e das restingas. De pronto, reconhecemos três grandes zonas para a agropecuária até definição científica minuciosa: a mais alta destinar-se-ia à cana, entre outras culturas, pois a mono-atividade é sempre perversa para o ambiente e para o trabalhador. A diversificação daria mais estabilidade à economia regional. Agora, os plantadores de cana e os usineiros tentam nos comover com a possibilidade de extinção da agroindústria sucro-alcooleira, como se fôssemos chorar copiosamente. Numa economia diversificada, a crise de uma atividade é compensada com o funcionamento normal de outra. A segunda zona é constituída pelas terras baixas. Depois de demarcados os rios e as lagoas com seus leitos maiores, as terras baixas destinar-se-iam às culturas de ciclo curto, também diversificadas, praticadas entre os períodos chuvosos. Haveria espaço para o gado, que pode se deslocar nas cheias. O ideal é a agricultura familiar de alimentos. A terceira zona compreende terras salinizadas ou que se salinizam, apesar de todo o esforço do Departamento Nacional de Obras e Saneamento em expulsar o sal para o mar. A melhor opção para elas é a pesca.


3) Delimitação precisa da Região Hidrográfica 09. Ao sul, ao norte e a oeste, esta RH já está delimitada. A leste, proponho o rio Guaxindiba, que está ligado ao Paraíba em sua foz. Como manda a norma, esta RH só pode ter um comitê de bacia, reunindo representantes dos governos federal, estadual, municipais, dos produtores e da sociedade civil. O órgão deliberativo máximo da RH estará vinculado ao Ceivap, incluindo a bacia da Lagoa Feia. Assim, dissolve-se o nefando Grupo de Ação Integrada.


4) Gestão das bacias da RH 09. O plano de gestão da bacia deve ter orientação ecológica, inclusive para o uso econômico dos ecossistemas aquáticos. Fala-se muito em desenvolvimento sustentável como fachada. No entanto, ele nunca é praticado. Este plano deve distinguir ações a curto prazo (emergenciais) e a médio prazo, sem nunca perder de vista o longo prazo, que pretende a sustentabilidade de todos os sistemas incluídos na RH 09.


Mais uma vez, suspeito estar pensando alto no meio de broncos.



Fonte: Folha da Manhã (Arthur Soffiat
Contato (xxx@uol.com.br)

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O caminho para Samarra

Um soldado da antiga Bassora, na Mesopotânia, cheio de medo, foi ao rei e lhe disse:"Meu Senhor, salva-me, ajuda-me a fugir daqui; estava na praça do mercado e encontrei a Morte vestida toda de preto que me mirou com um olhar mortal; empresta-me seu cavalo real para que possa correr depressa para Samarra que fica longe daqui; temo por minha vida se ficar na cidade". O rei fez-lhe a vontade.

Mais tarde o rei encontrou a Morte na rua e lhe disse:" O meu soldado estava apavorado; contou-me que te encontrou e que tu o olhavas de forma estranhíssima". "Oh não", respondeu a Morte, "o meu olhar era apenas de estupefação, pois me perguntava como esse homem iria chegar a Samarra que fica tão longe daqui, porque o esperava esta noite lá".

Essa estória é uma parábola da aceleração do crescimento feito à custa da devastação da natureza e da exclusão das grandes maiorias. Ele nos está levando para Samarra. Em outras palavras: temos poquíssimo tempo à disposição para entender o caos no sistema-Terra e tomar as medidas necessárias antes que ela desencadeie consequências irreversíveis. Já sabemos que não podemos mais evitar o aquecimento global, apenas impedir que seja catastrófico. A nivel dos governos, não se está fazendo nada de realmente significativo que responda à gravidade do desafio. Muitos crêem na capacidade mágica da tecno-ciência: no momento decisivo ela seria capaz de sustar os efeitos destrutivos. Mas a coisa não é bem assim. Há danos que uma vez ocorridos produzem um efeito-avalanche.

A natureza no campo físico-químico e mesmo as doenças humanas nos servem de exemplo. Uma vez desencadeada, não se pode mais bloquear uma esplosão nuclear. Rompidos os diques de Nova Orleães nos USA, não é mais possível frear a invasão do mar. Na maioria das doenças humanas ocorre a mesma lógica. O abuso de alcool e de fumo, o excesso na alimentação e a vida sedentária começam a princípio prudizindo efeitos sem maior signficação. Mas o organismo lentamente vai acumulando modificações, primeiramente funcionais, depois orgânicas e, por fim, atingindo certo patamar, surge uma doença não mais reversível.


É o que está ocorrendo com a Terra. A "colonia" humana em relação ao organismo-Terra está se comportando como um grupo de células que, num dado momento, começa a se replicar caoticamente, a invadir os tecidos circundantes, a produzir substâncias tóxicas que acaba por envenenar todo o organismo. Nós fizemos isso, ocupando 83% do planeta.
O sistema econômico e produtivo se desenvolveu já há três séculos sem tomar em conta sua compatibilidade com o sistema ecológico. Hoje nos damos conta de que ecologia e modo industrialista de produção que implica o saque desertificante da natureza são contraditórios. Ou mudamos ou chegaremos à a Samarra, onde nos espera algo sinistro.

A Terra como um todo é a fronteira. Ela coloca em crise os atuais modos de produção que sacrificam o capital natural e as formações sociais construidas sobre o consumismo, o desperdício, o mau trato dos rejeitos e a exclusão social.

Três problemas básicos nos afligem: a alimentação que inclui a água potável, as fontes de energia e a superpopulação. Para cada um destes problemas não temos soluções globais à vista. E o tempo do relógio corrre contra nós. Agora é o momento de crise coletiva que nos obriga a pensar, a madurar e a tomar decisões de vida ou de morte.


Leonardo Boff - Teólogo

Fonte: lboff
Contato ( lboff@leonardoboff.com)
Este endereço de e-mail está sendo protegido de spam, você precisa de Javascript habilitado para vê-lo

Privatização da Amazônia é lamentável, afirma Aziz Ab’Saber

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou nesta segunda-feira (24) numa conferência da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, a privatização de áreas da floresta amazônica. A primeira área a ser licitada fica na região do Jamari (RO). A unidade possui 220 mil hectares, dos quais 90 mil hectares serão privatizados.

A Ministra alega que a privatização terá como alvo a exploração sustentável da floresta por meio de empresas nacionais e ressaltou que a medida ajuda no combate à grilagem de terras na região.

O geógrafo Aziz Ab’Saber criticou a medida.

“É lamentável que no momento em que o país inteiro faz um movimento para quebrar a questão da eleição da companhia Vale do Rio Doce que redundou numa privatização absurda, alguém lá do Ministério do Meio Ambiente, assessorado por idiotas, resolve fazer uma primeira concessão de áreas florestais para [uso de] particulares”.

Para ele, a exemplo do que aconteceu com a Vale do Rio Doce, a privatização trará renda apenas para os intermediadores do comércio dos produtos da floresta com o mercado nacional e estrangeiro.

Aziz afirmou que o argumento de evitar grilagens é precário e que o Ministério do Meio Ambiente não terá controle sobre a extração de produtos, porque nunca desenvolveu nenhum projeto de exploração sustentável na região.

“Dizer que ao invés de possibilitar grilagens na floresta, é melhor fazer uma privatização parcial, significa dizer que o ministério não tem condições de fazer uma fiscalização de áreas florestais mais contínuas. Eles dizem sempre que vão conceder desde que haja uma ocupação auto-sustentada, só que nem eles sabem como fazer uma ocupação auto-sustentada piloto na Amazônia”.

De São Paulo, da Radioagência NP, Juliano Domingues.

Fonte: http://www.radioagencianp.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=3036&Itemid=1

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Artigo: A floresta em Brasília - Danilo Pretti Di Giorgi

Enquanto escrevo este texto, a Aliança dos Povos da Floresta promove, em Brasília, o 2º Encontro Nacional dos Povos das Florestas. O encontro anterior – ocorrido em março de 1989, meses depois do assassinato do líder seringueiro Chico Mendes, um dos principais entusiastas do encontro e da formação da Aliança - foi um evento histórico.

Chico Mendes tornou-se mártir da luta pela preservação da Amazônia e as questões ambientais têm recebido atenção crescente da imprensa. Apesar disso, os grandes veículos de comunicação praticamente ignoram o acontecimento. Por quê? Mais: o que índios e seringueiros têm em comum, além de tradicionalmente ocuparem a região amazônica e lutarem contra um inimigo comum, representado pelo capitalista dos setores da mineração, da pecuária e da agricultura industrial? O que pode sair de realmente novo de um encontro destes grupos na capital federal, sede do poder estabelecido daquele mesmo capitalista, e financiados, em última instância, pelo capital?

A Aliança, rede composta pelo Grupo de Trabalho Amazônico, pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira e pelo Conselho Nacional dos Seringueiros, representa mais de 1.100 organizações das florestas brasileiras e esteve desarticulada durante todos estes anos. Não são muito claras as razões deste longo intervalo. Possivelmente a falta de outras afinidades, além da luta contra aquele inimigo genérico comum, explique esta desarticulação. Talvez a pulverização e o grande número de entidades, somados às dificuldades de deslocamento na região amazônica sejam outros fatores.

De toda forma, pelas declarações de seus líderes, os integrantes aparentam ter compreendido, ao menos no discurso, a importância de somar esforços "em defesa da preservação das florestas, sobretudo para as gerações futuras". Resta-nos perguntar então: serão todos esses grupos realmente preservacionistas? Ou a união é simplesmente o resultado inevitável da luta desigual contra o enorme poder do capital, carecendo, assim, de um embasamento mais sólido que sustente uma ideologia comum? O que fariam estes mesmos povos de posse de recursos materiais comparáveis aos dos capitalistas do sul? Seria injusto dizer que repetiriam a história de devastação atual?

Os porta-vozes do encontro apontam como uma grande preocupação o avanço da monocultura de soja e da pecuária sobre o Centro-Oeste e o Norte do país. Incluem na lista também as obras de infra-estrutura previstas para a região pelo PAC. Os temas a serem discutidos incluem ainda conhecimento tradicional, comércio justo, biodiversidade, redução da pobreza e aquecimento global.

Chamou-me a atenção, no site oficial, o texto com os objetivos do encontro, que reproduzo a seguir, na íntegra:




  • Plantar conhecimento para fazer reencontrar o destino das florestas brasileiras com o coração esperançoso dos que lutam e trabalham pela continuidade da vida no nosso planeta terra.



  • Gerar diálogos entre nossas gentes, nossas sociedades, nossas empresas e nossos governos para fazer crescer o fio d'água que haverá de reinventar as vertentes de um modelo de desenvolvimento socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente sustentável.


  • para fazer brotar na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas e no Pantanal - no que sobra de florestas no chão do Brasil - uma geografia da razão voltada para manter vivas as nossas florestas para as gerações presentes e futuras.




    Testemunhamos hoje os principais líderes mundiais perdidos com as notícias sobre as conseqüências do aquecimento global. Muitas reuniões, muita tentativa de acordo sobre os valores das reduções na emissão de carbono, mas muito pouco (ou nada) de propostas concretas sobre como promover essa redução na prática, que é o que realmente interessa. Terão estes povos propostas originais e novas respostas para o grande desafio da humanidade?

    Escutar com carinho e atenção o que será debatido neste encontro e conceder um olhar cuidadoso aos frutos das reuniões agendadas seria uma decisão sábia. Frutos que esperamos serem realmente novos, que possam ir além do óbvio que já se sabia antes do encontro, e que fujam das generalidades como as apontadas acima. Se não, corremos o risco de que a simples realização do encontro seja apenas mais um argumento do poder constituído, que teria mais uma desculpa para se auto-afirmar como uma democracia de fato, onde todos teriam direito a voz. Em outras palavras, um resultado inócuo de um encontro com um significado tão forte pode fortalecer aqueles que insistem na perpetuação do modelo atual.

    Espero que as reuniões possam trazer novas pistas que nos indiquem caminhos para sair deste labirinto onde estamos metidos e do qual ninguém até agora parece ter a mínima idéia de como sair. Aguardemos os resultados.


    Danilo Pretti Di Giorgi é jornalista.
    Email:
    digiorgi@gmail.com




  • Fonte: Ambiente Cidadania
    Contato (ambiente.cidadania@gmail.com)

    MG: Expedição registra aspectos naturais e culturais na bacia do Mucuri

    Conhecer profundamente cada município da bacia hidrográfica, seus valores naturais e culturais, mobilizar a sociedade local para ser parceira na construção do desenvolvimento sustentável da região e discutir e incentivar a criação do Comitê da Bacia Hidrográfica. Estes são os principais objetivos da Expedição Mucuri, que começa no dia 21 de setembro e percorre, durante dezessete dias, os 321 quilômetros de extensão do rio principal, seis afluentes e os 17 municípios da bacia. A promoção é do Movimento Pró Rio Todos os Santos e Mucuri, com o apoio do Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) e prefeituras municipais.


    A viagem exploratória terá início no município de Águas formosas, a 615 quilômetros de Belo Horizonte, por onde passa um dos principais afluentes do rio Mucuri, o Pampã. No dia 30 outro grupo sairá da nascente do rio Mucuri do Sul, no município de Malacacheta. No mesmo dia, uma terceira equipe iniciará a viagem pela nascente do rio Mucuri do Norte, no município de Ladainha. Música, teatro e danças regionais marcarão as aberturas em todos os três municípios. Ao longo do dia, as equipes visitarão córregos da região e comunidades ribeirinhas.


    Os grupos que descerem os rios Mucuri do Norte e Mucuri do Sul se encontram no município de Teófilo Otoni e seguem, no dia 1º de outubro, para o distrito de Mucuri, onde serão realizadas exposições de arte, apresentações culturais e escolares, plantio simbólico de mudas e atividades como rapel e tirolesa. Nesse dia, às 15h, será promovida reunião pública e discutidos os desafios ambientais da bacia. No dia 4 de outubro, todos os grupos se encontram no município de Carlos Chagas, onde acontecerá outra reunião pública.

    Durante a expedição, haverá equipes percorrendo o rio em barcos e caiaques e a outra, viajando por terra, utilizando veículos e, em alguns trechos, também bicicletas e cavalos. Os grupos que descerão o rio serão responsáveis pelo levantamento da qualidade e vazão da água; da degradação ambiental da região; da conservação dos biomas, das formações geológicas e dos principais afluentes. As equipes que descerão por terra farão o levantamento socioambiental, econômico, histórico e cultural das comunidades, por meio de reuniões e entrevistas.



    Também estão no roteiro da expedição os municípios mineiros de Caraí, Catuji, Crisólita, Fronteira dos Vales, Itaipé, Nanuque, Novo Oriente de Minas, Pavão, Serra dos Aimorés, Umburatiba, Poté e Padre Paraíso. A viagem será concluída no dia 07 de outubro, no município de Mucuri, no Extremo Sul da Bahia, com a solenidade de encerramento agendada para as 10h, na Praça do Peruá.



    Registro
    As imagens e os dados coletados durante a expedição serão publicados em livro e vídeo documentário sobre a bacia hidrográfica e no site
    www.institutomucuri.com “O levantamento socioambiental da bacia do rio Mucuri será um instrumento estratégico para o desenvolvimento local sustentável”, afirma a presidente do Movimento Pró Rio Todos os Santos e Mucuri e coordenadora da comissão pró-comitê da bacia, Alice Godinho. “Acreditamos que o envolvimento das comunidades locais no evento também é fundamental para a construção de uma consciência ambiental, socioeconômica e cultural em cada município que a expedição visitar”, complementa.



    Conhecendo a bacia
    O rio Mucuri nasce com a junção dos rios Mucuri do Norte e Mucuri do Sul, no município de Ladainha, em Minas Gerais, e deságua no oceano Atlântico no município de Mucuri, na Bahia, em um percurso de 321 quilômetros.


    Seus principais tributários são os rios Todos os Santos e Preto, pela margem direita, e os rios Pampa e Marambáia, pela margem esquerda. Além destes, a bacia é formada por mais de 8 mil cursos de água, entre córregos, rios e ribeirões.


    A bacia hidrográfica do rio Mucuri drena uma área de 18.177 km², envolvendo, total ou parcialmente, 22 municípios. Considerando aqueles que têm mais de 10% de sua área drenando águas para o rio Mucuri, são 17 municípios.



    Mais informações


    Movimento Pró Rio Todos Os Santos
    Telefone: (33) 3522-1402 // (31) 8797-7063 (Caroline)
    E-mail:
    expedicaomucuri@gmail.com // caroline.correia@igam.mg.gov.br



    Fonte: Assessoria de Comunicação do S
    Contato (ascom@igam.mg.gov.br)

    sábado, 15 de setembro de 2007

    Aquecimento global: Uma mentira conveniente

    por Andrew Marshall

    Recentemente foi apresentado no Canal 4 do Reino Unido o documentário The Great Global Warming Swindle (A grande burla do aquecimento global) que afrontou o discurso político oficial de que o "aquecimento global" e as "alterações climáticas" são causados pelas actividades humanas. O documentário, com o testemunho de muitos cientistas e especialistas do clima, que crescem em número avassalador contra aquela teoria oficial, apresenta como causa principal das alterações climáticas as variações da actividade solar. É, apesar de tudo, uma teoria [que se contrapõe a outra, mas que não esgota o assunto]. Assim que se começou a dizer, estranhamente, que o "debate está concluído", porque em ciência o debate nunca está concluído, começaram a aparecer perguntas, que deviam ser respondidas, e a surgir novos temas que conduzem a avanços da ciência [climática].

    Primeiramente, é muito importante considerar que a Terra não é o único planeta do nosso sistema solar que passa por um período de aquecimento. De facto, muitos astrónomos anunciaram que Plutão tem experimentado um aquecimento global que se trata de um fenómeno sazonal já que, como as variações das estações na Terra, alteraram as condições hemisféricas com a variação da inclinação em relação ao Sol. Devemos recordar que é o Sol que determina as nossas estações e que tem verdadeiramente o maior impacto no clima do que poderíamos alguma vez supor. Em Maio de 2006, um relatório revelou que ocorreu em Júpiter uma tempestade, semelhante a um furacão, que deve ter causado uma alteração climática no planeta com um aumento de temperatura de 10 graus Celsius. A National Geographic News publicou um relatório que afirma ser a simultaneidade dos aumentos de temperatura na Terra e em Marte uma indicação de um fenómeno climático natural em vez de provocado pelo Homem. O relatório acrescenta ter a NASA afirmado que os mantos gelados de dióxido de carbono de Marte derreteram há poucos anos. Este fenómeno soa a algo familiar? Um observatório astronómico da Rússia declarou que "estes factos observados em Marte são uma prova de que o aquecimento global terrestre está a ser causado pelas alterações verificadas no Sol". Afirmou ainda que tanto Marte como a Terra, através das suas histórias, têm conhecido idades de gelo periódicas quando o clima muda de forma contínua. A NASA tem observado também tempestades maciças em Saturno que indicam alterações do clima que estão a acontecer naquele planeta. O telescópio espacial Hubble, da NASA, tem registado alterações climáticas maciças em Tritão satélites [meteorológicos] que medem a temperatura solar têm registado um aumento da sua temperatura , significando que a radiação solar está a aumentar. O London Telegraph noticiou em 2004 que o aquecimento global era devido ao aumento da temperatura do Sol que está mais alta do que nunca desde há mil anos . A notícia referia que esta conclusão fora obtida em investigações conduzidas por cientistas alemães e suíços que afirmaram ser o aumento da radiação solar a causa das alterações climáticas.

    Claude Allègre, cientista francês de nomeada [ex-ministro da Ciência], que foi dos primeiros cientistas a chamar a atenção da opinião pública para os perigos do aquecimento global, há 20 anos, afirma actualmente que "existem provas crescentes de que a principal causa do aquecimento global é originada por fenómenos da Natureza" . Allègre disse que "não existem quaisquer bases para afirmar, como faz uma maioria, que a «Ciência [do aquecimento global] está acabada» ". Está convencido que o aquecimento global é uma variação natural e não vê na ameaça anunciada de "grandes perigos" mais do que enormes exageros. Também, recentemente, o presidente da República Checa, Vaclav Klaus , ao falar sobre o relatório do IPCC [4º Sumário para os Decisores Políticos, do Intergovernmental Panel on Climate Change, aprovado em Fevereiro de 2007] considerou que " O aquecimento global é um falso mito como dizem [já] muitos cientistas e pessoas sérias. Não é correcto consultar o IPCC. O IPCC não é uma instituição científica: é uma organização política, uma espécie de organização não-governamental de cor verde. Não é um fórum de cientistas neutros nem um grupo equilibrado de cientistas. São cientistas politizados que atingem lugares cimeiros com uma opinião preconceituosa e um objectivo pré-definido." E ao perguntar-se-lhe qual a razão por que não aparece nenhum outro político a dizer o que ele afirma, Klaus respondeu que "outros políticos de alto nível não exprimem as suas dúvidas sobre o aquecimento global por que a disciplina politicamente correcta estrangula-lhes a voz". Nigel Calder, ex-editor da revista New Scientist, escreveu um artigo no Sunday Times, do Reino Unido, em que afirma: "quando os políticos e os jornalistas declaram que a ciência do aquecimento global está estabelecida [definitivamente] mostram uma ignorância lamentável sobre como se aplica o método científico". Disse ainda que "Há vinte anos que a investigação científica do clima se politizou a favor de uma hipótese particular." E, relativamente àqueles que os media consideram dissidentes da teoria oficial, Nigel disse: "Imagina-se que quem apresenta dúvidas acerca do aquecimento global deve estar a ser pago pelas companhias petrolíferas". Foi exactamente o que eu acreditei até investigar as suas verdadeiras razões. Acrescentou: "O alarmismo do medo do aquecimento global promove cabeçalhos [nas primeiras páginas] dos media sobre as ondas de calor, que têm origem diferente [do aquecimento global], e relega para páginas interiores, dedicadas à economia, os milhões de dólares perdidos nas colheitas de Inverno da Califórnia devido à geada anormal".

    Para aqueles que viram o documentário de Al Gore, aquilo era muito convincente quanto à hipótese do aquecimento global ser um fenómeno desencadeado pelo Homem com o potencial de matar toda a gente e acabar com a humanidade. Apesar de tudo, o filme foi preenchido com gráficos e mapas, de modo a parecer verdadeiro. Comecemos por algo que é indiscutível. Al Gore não é um climatologista, meteorologista, astrónomo ou um cientista de qualquer ramo. Ele é um político. E como todos sabemos, os políticos dizem "sempre" a verdade. No entanto, como a popularidade de Al Gore cresceu com o recente prémio da Academia [de Hollywood] pelo seu filme, o tema subiu em espiral com um impulso forte para uma acção rápida e um debate acalorado, forçando muitos cientistas a falar e a questionar a política do status quo. Um grupo de cientistas disse recentemente que o que está por trás do filme de Al Gore, como o conceito do aquecimento global provocado pelos gases com efeito de estufa, era "uma fraude" . Afirmam, de facto, que existe uma prova muito fraca para sustentar aquela teoria e que a prova [forte] aponta actualmente para o aumento da actividade solar como causa das alterações climáticas. No filme de Al Gore apresenta-se a prova dos cilindros de gelo retirados do Antárctico como demonstrativa da teoria de ser o [aumento da concentração do] CO 2 a causa do aumento da temperatura. No entanto, este grupo de cientistas afirma que "períodos mais quentes na história da Terra sucederam 800 anos antes do aumento da concentração do dióxido de carbono", significando que o crescimento da concentração se atrasa em relação ao da temperatura. Isto é, as emissões [naturais] crescem com um atraso de 800 anos em relação ao aumento da temperatura. O grupo salienta também que "após a Segunda Guerra Mundial verificou-se um aumento significativo de emissões de dióxido de carbono [acompanhando a explosão económica da reconstrução europeia] e, contudo, a temperatura média global baixou durante [cerca de] quatro décadas seguidas, a partir de 1940." Chamam ainda a atenção para o facto de a ONU [IPCC] reivindicar a participação de 2000 cientistas líderes internacionais na redacção de um relatório [sumário editado em Fevereiro de 2007], o que é uma fraude, quando se sabe que a lista contém nomes de cientistas que pediram para serem retirados dela por não estarem de acordo com as conclusões [apresentadas publicamente].

    Timothy Ball, um dos primeiros canadianos doutorados em climatologia, escreveu recentemente um artigo onde se admira de ninguém escutar os cientistas que afirmam que o aquecimento global NÃO É devido ao Homem . Começa por dizer "Acredite-se ou não, o aquecimento global não é devido à contribuição humana para a concentração atmosférica do dióxido de carbono. Estamos perante o maior erro da história da ciência." Continua "Desperdiçamos tempo, energia, e milhares de milhões de dólares e criamos medo e consternação desnecessários num tema sem justificação científica." Menciona os milhares de milhões gastos em propaganda pelo Departamento do Ambiente do Canadá que defende "uma posição científica indefensável, enquanto ao mesmo tempo fecha estações meteorológicas e falha na legislação de medidas contra a poluição". O Dr. Ball levanta uma questão interessante, que todos deveriam ter em consideração, quando há cerca de 30 anos, nos anos 1970, [os mesmos] falavam no "arrefecimento global", alarmavam com a implicação deste nas nossas vidas, nas de outras espécies, e na própria sobrevivência que estava ameaçada. É interessante como se parece com o actual alarido dos políticos canadianos. Ball continua a explicar que as alterações climáticas ocorrem como sempre ocorreram devido [essencialmente] às variações da temperatura do Sol. Explica que estamos ainda a sair do que se designa por Pequena Idade do Gelo e que a história da Terra é fértil em alterações do clima. O que o clima faz actualmente é o que sempre fez, isto é, altera-se. O Dr. Ball afirma que "não há nada de incomum no que está a acontecer" e que "é contrário ao alarmismo que se anunciava com o arrefecimento global e ao que se anuncia agora com o aquecimento global."

    O Dr. Timothy Ball escreveu mais tarde, ao comentar os problemas que se levantam aos cientistas que são contra o discurso oficial, que "Infelizmente, a minha experiência mostra que as universidades se tornaram dogmáticas e repressivas dentro da nossa sociedade. Esta posição tem-se vindo a tornar cada vez pior na medida em que elas recebem cada vez mais subsídios governamentais por defenderem o ponto de vista oficial". Menciona ainda que "foi acusado, pelo ambientalista canadiano David Suzuki, de ser pago pelas petrolíferas". Conclui apontando autores que se afirmam continuadamente contra o mito do aquecimento global de origem humana. É o caso de Michael Crichton [que se interessa também, embora médico, pela ciência climática] que escreveu o livro «Estado de Pânico» onde explica a imprecisão científica que está por de trás do mito. Um outro proeminente cientista apontado é Richard Lindzen, físico da atmosfera, professor de meteorologia do MIT, que fala frequentemente em público contra a teoria do aquecimento devido aos humanos mesmo que não o queiram escutar.

    Um artigo do Washington Times, publicado em 12 de Fevereiro de 2007 discute como os cépticos do Aquecimento Global são tratados como "párias" . O artigo começa "Os cientistas cépticos das teorias do aquecimento global dizem que são cada vez mais alvo de ataques – tratamento de certos analistas a quem apresente visões que contrariam o efeito de estufa [antropogénico]". É citado um exemplo deste género ao referir um climatologista de Oregon ser descartado da sua posição pelo Governador ao falar [publicamente] contra as origens [invocadas] do aquecimento global. A maioria dos cépticos não afirma que o aquecimento global não esteja a acontecer. Eles discordam apenas quanto às causas. Mesmo assim são chamados de traidores. [Apesar de tudo], um estudo financiado pela NASA em 2003 afirma que "alterações no ciclo solar – e a radiação solar – são reconhecidas como causas possíveis de mudanças do clima na Terra, a curto prazo".

    Numa tempestade de cientistas falando contra o filme de Al Gore, um Prof. [ Bob Carter ] australiano do Laboratório de Geofísica da Marinha afirmou publicamente que "Os argumentos circunstanciais de Al Gore são tão fracos que chegam mesmo a ser patéticos . É simplesmente inacreditável que tenham, juntamente com todo o filme, atraído atenção do público". Em resposta à utilização das imagens, no filme de Al Gore, sobre os glaciares que recuam, o Dr. Boris Winterhalter, Prof. de geologia marinha e antigo investigador da Marinha na Geological Survey da Finlândia, disse que "A parede do glaciar a quebrar [Perito Moreno, na Patagónia] é um fenómeno cíclico normal que ocorre devido ao avanço natural do glaciar [sobre um lago]". Esse avanço tem sentido, como o passado histórico nos mostra, porque aquele glaciar se move continuamente, auxiliado pela inclinação do vale [devido à acção da gravidade], desde o final da última glaciação de há cerca de 10 mil anos. Talvez a minha memória não seja boa, mas penso que há 10 mil anos ainda não existiam SUV [Sport Utility Vehicle – jipe americano] … Um outro uso inteligente das imagens para manipulação dos factos é o do urso polar que parece atrapalhado com uma placa de gelo para indicar que os ursos polares estão em extinção por causa do aquecimento global. No entanto, existem coisas erradas nesta avaliação. Primeiramente, de acordo com um artigo publicado pelo Prof. Igor Poliakov , da Universidade do Alasca, "A região do Árctico onde se verificou uma subida da temperatura [parte oriental, devido às depressões que levam ar quente] que se supõe fazer perigar os ursos polares mostra flutuações desde 1940 sem nenhuma tendência marcada pela subida". Seguidamente, se os ursos polares estivessem em perigo, conforme Al Gore, como se justifica que uma avaliação recente feita pelo governo canadiano conclui que a espécie não está em declínio mas em número crescente ? Em terceiro lugar, a ideia apresentada de um urso polar aflito como argumento de Gore, é verdadeiramente peregrina pois eles são excelentes nadadores de acordo com a Sea World [cadeia de parques temáticos dos EUA] "capazes de nadar durante várias horas seguidas em distâncias que podem atingir cem quilómetros" . O Prof. Carter [referido anteriormente], falando sobre Al Gore e a sua cruzada pessoal, disse "O homem é um embaraço para a ciência dos EUA e os seus muitos assessores (esconderam-se no anonimato, mas são sobejamente conhecidos) ensinaram-lhe apenas junk-science [lixo científico] para a sua cruzada de propaganda". Mesmo que Al Gore dissesse verdades sobre causas do aumento da temperatura, ou das alterações climáticas, e a maior parte das provas que aponta não são verdadeiras, mas mesmo que fossem, ele não deixava de ser um hipócrita. Revelou-se recentemente que ele não pratica o que diz nos seus sermões, nem quanto ao que disse no discurso de aceitação do prémio da Academia [de Hollywood]: "Povo de todo o Mundo, necessitamos de resolver a crise do clima. Não é um assunto político; é um assunto moral". Bem, neste caso, um recente estudo do Tenesse Center for Policy Research mostra que Al Gore apenas numa das suas mansões consome 20 vezes mais energia do que a média dos americanos. Provou-se também que Al Gore consome mais electricidade num mês do que o americano médio num ano!

    Ao verificarmos que existem mais provas de que as alterações climáticas estão mais relacionadas com o aumento da temperatura do Sol do que com o comportamento dos povos de todo o mundo, devemos perguntar porque são abafados os esforços para explicar que se trata de um mito e são atacados os que se esforçam nesta missão. De facto, são conhecidos casos de cientistas que receberam ameaças de morte [Telegraph] por se manifestarem contra a teoria oficial do efeito de estufa antropogénico. Há mesmo a tentativa de relacionar aqueles que se manifestam contra o discurso oficial com os que negam a existência do Holocausto. Numa recente op-ed [opinião individual] do Boston Globe comentando o recente relatório emitido pela ONU [IPCC], Ellen Goodman escreveu "Digamos adequadamente que os negadores do aquecimento global estão a par dos autores do negacionismo [dissonância dos conceitos evolucionismo e criacionismo] do Holocausto, embora estes neguem o passado e aqueles neguem o presente e o futuro". Este comentário é muito perturbante, não somente porque existem razões científicas para duvidar da base teórica do aquecimento global, mas também porque é um vil ataque à liberdade de pensamento e de expressão que é o mais vital e importante de todos os direitos e liberdades do Homem.

    Tal como o IPCC, os políticos ocidentais são rápidos a declarar que o debate está fechado e que a acção deve ser imediata. Qual é a acção que estes planeiam executar? O Chanceler do Tesouro do Reino Unido, Gordon Brown , previsto sucessor de Tony Blair, apelou publicamente a uma "nova ordem mundial" para combater a ameaça das alterações climáticas. Vejamos qual seria a "nova ordem mundial" a ser implementada para esse combate. Uma das medidas principais que se avança seria a imposição proposta pelo IPCC de uma taxa global de emissões de gases com efeito de estufa . A maioria dos povos ao ouvirem esta proposta pensam "bom, os poluidores que paguem a factura". Bem, isto significaria que quem conduz automóveis teria de pagar [mais] um imposto, já que, de acordo com Al Gore, ao se conduzir um veículo está-se a provocar o aquecimento global. Isto não é um gracejo, visto que um artigo do jornal Guardian do Reino Unido afirma já que "O governo está a preparar o lançamento de um plano em que os condutores seriam obrigados a pagar £ 1,30 por milha para serem autorizados a conduzir no Reino Unido nas estradas mais congestionadas". Significa aproximadamente USD 3,00 [€ 3] por milha. Um estudo conduzido por um especialista em transportes e infra-estruturas calculou que "Um viajante de Birmingham pode ter de pagar cerca de £ 1500 por ano para percorrer 19 mil milhas" . Isso equivale a aproximadamente USD 3000 [€ 3000] por ano [num percurso anual de 30 mil quilómetros]. Não sabemos o seu caso, mas não conhecemos muitos povos com recursos para pagarem aquele imposto. Na União Europeia, planeiam-se aumentos de impostos para o diesel . A Comissão Europeia propôs recentemente "aumentar os impostos para o diesel comercial até 20 % nos próximos sete anos". Seria, segundo ela, para proteger o ambiente porque actuaria como um entrave à mobilidade das pessoas. Esta é precisamente uma daquelas notícias excelentes porque qualquer um que tenha conduzido nos dois anos recentes sabe como os preços dos combustíveis líquidos estão demasiado baixos… Outra preocupação se levanta fora do conceito de aplicar impostos às pessoas que têm de se dirigir para paragens distantes. De acordo com a secretária dos Transportes do Reino Unido, "Todo veículo teria uma caixa negra para permitir que um sistema de satélites siga os movimentos das suas deslocações" . Esta ideia tem levantado grande celeuma no Reino Unido na perspectiva do aumento do uso da tecnologia Big Brother [controlo da movimentação dos indivíduos] nos programas governamentais. No Canadá, as propostas actualmente em cima da mesa recomendam que "Os canadianos devem pagar um suplemento de 10 cêntimos por litro [€ 0,007/litro] de combustível abastecido na bomba de distribuição" , copiando os programas da União Europeia. O mayor de Toronto , no Canadá, pensa também na aplicação de portagens regionais para combater as alterações climáticas .

    A União Europeia pensa banir as lâmpadas convencionais de filamento substituindo-as por lâmpadas de menor consumo. Esta substituição estaria completada dentro de dois anos, obrigando 490 milhões de cidadãos dos Estados-membros a efectuar a mudança. Entretanto alguns problemas se levam para este plano [faraónico] já que existem lâmpadas de menor consumo "com toxinas banidas e outras que não encaixam nos suportes que deveriam ser igualmente substituídos". Contudo, a Europa (e Gordon Brown) fala que as lâmpadas "verdes" têm de substituir todas as outras. O Daily Mail afirma que aquelas são 20 vezes mais caras do que as lâmpadas convencionais . Além disso, produzem uma luz mais áspera e descontínua, com uma cintilação de 50 períodos por segundo [frequência da rede eléctrica]. Estas lâmpadas "eficientes" também necessitam mais ventilação do que as normais, o que significa que não servem para ambientes fechados. Estou seguro que estes inconvenientes não incomodarão alguns dos 490 milhões de cidadãos que são forçados à substituição. No Canadá, discute-se se a proibição da utilização das lâmpadas convencionais está incluída na lei Stephen Harper da poluição atmosférica. Esta discussão foi recentemente levantada pelo facto de a Austrália proibir o uso de lâmpadas convencionais a partir de 2010. . Do mesmo modo, a Califórnia aprovou uma lei de proibição a aplicar apenas em 2012 tal como em Nova Jersey. A Royal Phillips Electronics, uma das principais multinacionais que produzem as lâmpadas de substituição, anunciou que vai deixar de produzir lâmpadas convencionais em 2016. Esta decisão vai provocar um custo elevado aos consumidores que deixarão de ter alternativas de utilização dos seus rendimentos [entre custos fixos e de exploração] para ajudar o ambiente. Terão esperança de sobrevivência sem comprar lâmpadas à espera que os governos o façam por si? Boa sorte. Um relatório recente apontava para o Reino Unido ter a pretensão, através de planos agressivos, de vir a ser a primeira economia "verde" do Mundo. Parte deste plano prevê que cada habitação do Reino Unido será "isenta de carbono" dentro de 10 anos, tornando-as em padrões "verdes" exemplares. O governo inglês prometeu fornecer as substituições, o que levou muitos a temerem que seja um método de espionar os donos das casas para garantir que eles se tornem "verdes". Blair Gibbs, membro da Taxpayer's Alliance [organização de contribuintes], crítico do programa governamental, afirmou "É bastante mau que os políticos queiram levar tanto dinheiro em impostos. É inaceitável que eles se queiram introduzir nas nossas casas para se habilitarem a penalizar ainda mais os contribuintes."

    Não digo que não seja uma boa ideia tomar iniciativas para melhorar o ambiente. Mas peço-vos para terem em consideração o seguinte: se, de facto, a maioria dos dados científicos aponta para o Sol como causa do aquecimento global, um imposto de emissões de carbono ajudará a travá-la? Como é que nós que conduzimos veículos [na Terra] somos capazes de provocar alterações climáticas em Marte, Júpiter, Plutão, Neptuno e Tritão? Pode Al Gore, por favor, explicar-me isto? Se [a concentração] do CO 2 aumentar como RESULTADO do aumento da temperatura, podemos nós resolver alguma coisa com as taxas de emissões? Isso é o mesmo que tentar impedir o processo de embranquecimento dos cabelos dos seres humanos quando envelhecem. Não é o cabelo branco que causa o envelhecimento, ele é um efeito do envelhecimento. E não há nada a fazer para impedir o embranquecimento enquanto for vivo. Este é um processo natural que não pode ser evitado e que acontece sempre, acontece sempre. Tão certo como as alterações climáticas.

    Parece inquietante que políticos estejam demasiado ansiosos para agarrar neste mito do aquecimento global antropogénico a fim de nos tornar receosos e culpados. Culpados bastante para o desejarmos mudá-lo e receosos bastante para abdicarmos da nossa liberdade e submetermo-nos a despesas financeiras maciças a fim de fazer o que eles pretendem. Deste modo, esta mentira empurra-nos para aceitarmos mais gastos de dinheiro e para aceitarmos governos maiores e mais fortes. É, na realidade, uma mentira conveniente para aqueles que querem exercer o controlo da nossa vida e do nosso dinheiro. No entanto, é uma mentira inconveniente para a quantidade maciça de povos que estão já a sofrer problemas de uma classe média em desvanecimento.

    Se os problemas que nos estão a ser apresentados são baseados em mentiras, então que esperança temos de encontrar uma solução verdadeira para ajudar o ambiente? Um imposto global não limpará o óleo derramado pelo Exxon Valdez que ainda está a poluir as águas do Alasca 18 anos após o desastre. Um imposto global não impedirá que a Shell continue a fazer do delta do Níger um dos sítios mais perigosos do Mundo . Não. Temos de ser realistas em primeiro lugar. Maduros nos debates sobre os problemas que enfrentamos. Então, e somente então, podemos ter esperança de conseguir encontrar qualquer sorte de solução [que interesse a a todos].
    , o maior satélite lunar de Neptuno. Tritão, cuja superfície já foi constituída por azoto gelado, roda agora envolvido em gás. A Associated Press relatou que os

    [*] Estudante da Universidade Simon Fraser, Vancouver, Colúmbia Britânica, Canadá.

    O original encontra-se em globalresearch.ca . Tradução de MCP.


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

    América do Sul: 45% das espécies do continente estão ameaçadas


    imagem_677.gifA Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas foi divulgada nesta quarta-feira (12) pela União Mundial para a Natureza (UICN) com um grave alerta para a região mais biodiversa do planeta: 45% das espécies da América do Sul estão incluídas nela. São 10.930 espécies, das quais 29 já estão extintas, outras seis estão extintas em estado silvestre (o que significa que só restam poucos exemplares e em cativeiro), 619 possuem perigo crítico, 1.280 têm estado de perigo e 2.219 são espécies vulneráveis.

    A atual situação dessas espécies é conseqüência da perda do habitat, condições de pobreza e uso não sustentável dos recursos naturais, espécies invasoras e a mudança climática. Tudo influência direta das depredadoras atividades humanas.

    "A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da UICN nos põe em contato com a realidade da extinção das espécies provocada pelos seres humanos e nos leva a promover ações urgentes para evitar a perda de biodiversidade e o detrimento dos meios de vida das populações locais" disse Robert Hofstede, diretor regional ad interim do escritório da UICN para a América do Sul.

    Na América do Sul, um de cada quatro anfíbios estão ameaçados. Assim como 15% dos mamíferos e 10% das aves. Algumas espécies da região estão pela primeira vez na lista, como os Galápagos. O coral de floreana e o de Wellington estão em perigo crítico, suas populações declinaram drasticamente desde 1982, em razão da mudança climática e do fenômeno do El Niño.

    Na Argentina, 1.684 espécies estão incluídas na Lista Vermelha 2007. Dessas, 194 se encontram ameaçadas, 12 em perigo crítico. Há 49 espécies de aves ameaçadas, 30 de peixes, 29 de mamíferos e 29 de anfíbios. A conífera endêmica da Venezuela, Podocarpus pendulifolius, foi avaliado como "dados insuficientes" em 2006, e agora está como em perigo. Outras espécies de árvores do país, como a mogno ou o cedro (Cedrela odorata), também se encontram como vulneráveis, devido à alta pressão comercial.

    Austrolebias cinereus, um breu de água doce que só existe em um pequeno rio temporário na bacia baixa do rio Uruguai entrou pela primeira vez na lista da UICN de 2007 como espécie em perigo crítico. No Brasil, espécies marinhas, como o breu guitarra (Rhinobatos horkelii), estão em estado mais grave que em 2006. De "em perigo" passaram a "em perigo crítico", devido às capturas



    Fonte: Ecopress / Envolverde / Adital)



    Fonte: Ecopress
    Contato (xxx@rebia.org.br)

    Sociólogo alerta para riscos sociais e ambientais trazidos por interesses internacionais na Amazônia


    Professor da Universidade Federal de Rondônia (Unir), o sociólogo Luiz Fernando Novoa alerta: as grandes obras na Amazônia, patrocinadas com dinheiro de multinacionais, estão passando sobre os direitos humanos de quem mora na região para criar poderosos nichos de mercado onde os beneficiados serão os próprios investidores. O processo ganhou o aval dos governos sul-americanos em 2000, com a assinatura da Integração da Infra-Estrutura Regional na América do Sul (Iirsa) é e entusiasticamente defendido pelo governo Lula.

    Para Novoa, o desenvolvimento sustentável tornou-se a mais nova investida desse capital internacional, velho conhecido dos movimentos sociais e que tenta há décadas instaurar o mesmo ciclo de miséria, violência e descontrole ambiental que ameaça a sobrevivência no resto do planeta.

    Veja uma breve entrevista com o integrante da Rede Brasil, que em Rondônia faz grande mobilização popular sobre as hidrelétricas do Madeira exatamente pela falta de clareza nas conseqüências dessas obras.

    O que é e como nasceu o Iirsa?
    Iirsa quer dizer Integração da Infra-estrutura Regional na América do Sul e vem sendo discutido desde 2000 a partir da Cúpula de Presidentes de América do Sul, realizada em Brasília, entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro de 2000, a convite do então presidente Fernando Henrique Cardoso.

    Algumas pessoas reclamam que as críticas ao desenvolvimento não levam em conta a necessidade dos povos da região. Não é isso o que o Iirsa propõe, desenvolvimento, apenas?
    O Iirsa é um megaprojeto centrado essencialmente nos setores de transporte, energia e telecomunicações que pretende criar grandes canais, multimodais, construindo e interligando a utilização de hidrovias, rodovias, aeroportos e portos.

    Desculpe, o que significa "multimodais"?
    São chamados "multimodais" exatamente por fornecerem múltiplos "modos" de transporte. Quando observamos o mapa do Iirsa, vemos que se trata de um projeto de infra-estrutura voltado ao desenvolvimento de canais de exportação dos recursos naturais da América do Sul para fora.

    Qual a conexão do Iirsa com outros projetos de integração do continente?
    A Alca busca essencialmente liberalizar o comércio e o investimento e inversamente proteger a tecnologia e o conhecimento científico (e é bom ler "liberalizar" como dar plena liberdade ao capital privado, privatizar e concentrar poder nas corporações transnacionais). Além da Alca estamos hoje identificando no continente vários outros projetos chamados de livre comércio. A maior parte deles são tratados pelos EUA com outros países do continente americano, seja individualmente, como o Tratado entre os EUA e o Chile, assinado em dezembro de 2002, seja com um bloco sub-regional, como o Tratado de Livre Comércio em negociação com a América Central, e outro com os países que compõem o Pacto Andino. A Alca e outros tratados de livre comércio são de fato estratégias continentais dos EUA para controlar o comércio e o investimento de todas as Américas.

    Mas em todos há sempre interesse dos EUA?
    Alguns desses acordos são firmados apenas entre outros países, são acordos de comércio, não? Calma, no plano subcontinental existem outros projetos. É o caso do Plano Puebla - Panamá, localizado entre o México e a América Central, visando essencialmente a construção e interligação da infra-estrutura viária e hidroviária daquela região, além de abranger o setor de energia, de telecomunicações e de turismo. Outro projeto, que se insere no âmbito sub-continental, é a construção de um novo canal do Panamá na fronteira com a Colômbia: o canal inter-oceânico Atrato-Truandó (opção do estado colombiano) e/ou Atrato-Cacarica-San Miguel (opção proposta e preferida pelos Estados Unidos). Esse novo canal é o elo de ligação entre o Plano Puebla-Panamá (PPP) e o Iirsa, uma vez que ele permite a ligação geográfica entre a América Central e a América do Sul, independente do antigo Canal do Panamá, hoje sob controle da China.

    Mas qual é o problema que o senhor localiza nesses acordos?
    Em uma declaração feita em 2003 na Comissão de Direitos Humanos da ONU, intitulada "Amenazas sobre los derechos fundamentales de los pueblos indígenas de Colômbia" [lendo em espanhol], a Associação Americana de Juristas denuncia que esses projetos têm efetuado violações de direitos humanos na Colômbia. Cita o Iirsa como uma ameaça que as populações indígenas, principalmente os Achagua, percam o seu território em uma das poucas áreas na Colômbia em que o grande latifúndio não domina. Não é a minha opinião, é a das populações tradicionais, vítimas do IIRSA. Leia, o documento está na internet [o leitor que se interessar poderá acessá-lo em http://www.cetim.ch/2003/03ec15r4.htm]

    Mas o senhor não concorda que haveria um intercâmbio, uma troca de interesses, nas ações do Iirsa e essas populações tradicionais?
    O Iirsa interessa aos grandes grupos econômicos, sobretudo os norte-americanos, que muito irão lucrar na construção e implementação desse projeto. É o caso da telefonia, das empresas de energia, das construtoras etc. Interessa aos bancos multilaterais, que continuarão garantindo empréstimos a altas taxas de juros e tendo como certo seu retorno financeiro. Interessa às elites locais, que continuarão vendendo o patrimônio de suas nações, como o seu território, as reservas de água, a possibilidade de desenvolverem tecnologia própria avançada etc.

    E as conseqüências para a população, o homem comum?
    Toda a população nativa da América do Sul, os povos indígenas, todos perdem. Perdem os agricultores, que serão forçados a entregar suas terras para abrir caminho aos megaprojetos. Perdem os 12 países da América do Sul, que terão seus territórios cortados por grandes rodovias e ferrovias para escoamento de suas riquezas. Perde o meio ambiente, pelo impacto que esses projetos irão provocar. Vale a pena lembrar que a América do Sul possui grandes reservas de petróleo - Equador, Venezuela (5º maior exportador do mundo), Brasil, Bolívia (gás), e toda a região amazônica. Aliás, a biodiversidade está em risco, assim como o bem que será o mais precioso de todos no futuro: a água.

    Que projeto estratégico de desenvolvimento está presente no Iirsa?
    A estratégia central é colocar as transnacionais como principal ator econômico controlador dos recursos naturais do continente latino-americano. E a força política que será hegemônica não poderá ser outra senão o governo do país mais forte e rico das Américas, os Estados Unidos. A necessidade de que se invista na infra-estrutura na América do Sul não é resolvida por esse tipo de projeto. Ao criticar o Iirsa não estamos dizendo que não é necessário construir rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos, ou investir no setor elétrico e nas telecomunicações.

    Então qual é o sentido das críticas?
    Muita gente pensa exatamente isso! O que não podemos aceitar, inclusive a imprensa, é que os projetos em negociação ou em andamento, o PPP, a construção do novo canal do Panamá e o IIRSA sirvam apenas para garantir a construção de novas rotas para o saqueio em nosso continente. É necessário que qualquer projeto de desenvolvimento considere os direitos das populações indígenas, camponesas e afro-descendentes, assim como a conservação das florestas, dos rios, da biodiversidade.

    Então a idéia é estimular o controle ambiental?
    É necessário conservar nas mãos desses povos e nações o controle sobre os seus próprios recursos naturais. Eles são um patrimônio comum, não podem ser tratados como meras mercadorias a ser exploradas visando apenas o lucro e a concentração de riquezas materiais nas mãos de um número cada vez menor de beneficiários. E o desenvolvimento tem que ser concebido para além do simples avanço técnico e do crescimento econômico: a razão de ser de toda atividade econômica deve ser o desenvolvimento humano e social, é para ele que devem servir a tecnologia e a produção de riquezas.

    Maiores informações http://www.Iirsa.org (site oficial do Iirsa). Ou na
    publicação da ONG Rios Vivos sobre a Iirsa, suas estratégias e objetivos.



    Fonte: Ambiente Já / A Tribuna (Por Josafá Batista)



    Fonte: Ambiente Já
    Contato (xxx@rebia.org.br)

    sábado, 8 de setembro de 2007

    É preciso entender a profundidade das mudanças que estão ocorrendo em nossos padrões de prod

    As relações de interdependências entre matriz energética e desenvolvimento econômico são complexas e insuficientemente compreendidas. Para exemplificar esse problema, basta lembrar que, durante o século XX, as energias fósseis, em particular o petróleo, constituíram o principal pilar da oferta mundial de energia primária, por serem abundantes e capazes de múltiplas aplicações. Porém, os custos de prospecção e extração do petróleo, e dos demais combustíveis fósseis, têm ultimamente apresentado intenso aumento; além disso, a distribuição mundial das reservas de petróleo é desigual, concentrando-se no Oriente Médio, um espaço geopolítico bastante instável, o que abre a possibilidade de haver, em médio prazo, efeitos macroeconômicos indesejáveis para os governos. É necessário lembrar ainda a emergência do tema do aquecimento global, que, por mais permeado que esteja com sérias controvérsias científicas, já se presta a estimular uma revisão dos parâmetros das políticas energéticas. Esses fatores são fontes de incertezas e, conseqüentemente, alteram as expectativas quanto ao futuro da matriz energética global.

    Nesse contexto, novas tecnologias como as células de hidrogênio só serão de fato implementadas em larga escala quando se mostrarem técnica e economicamente sedutoras; por outro lado, as alternativas já testadas representam soluções críveis para governos e empresários. O programa nuclear, por exemplo, que muitos consideravam ultrapassado, voltou a se tornar uma opção atraente, fazendo com que o número de centrais planejadas ou em construção está crescendo nesses últimos anos. Já a experiência brasileira com etanol oferece uma solução energética capaz de substituir parte da demanda por gasolina. Tendo em visto o lugar dos automóveis em nossa civilização, a centralidade das montadoras na economia global e as perspectivas de diminuição da oferta de petróleo no futuro próximo, não é de se espantar que o etanol se posicione como alternativa energética estratégica, gerando um conjunto de expectativas que esse breve artigo procura abordar a partir da recente onda de investimentos estrangeiros no setor sucroalcooleiro brasileiro.

    Desde 2003, ano em que os preços do petróleo começaram a aumentar de modo acentuado, a cadeia de açúcar e álcool brasileira passa por um profundo processo de reestruturação liderado por grupos nacionais e estrangeiros. As formas de entrada dos capitais estrangeiros são variadas e os interesses econômicos envolvidos são heterogêneos. Tradicionais multinacionais do agronegócio, como a francesa Louis Dreyfus, estão reforçando sua participação no setor através de aquisições de usinas brasileiras. Tal estratégia, facilitada pela fragmentação da indústria sucroalcooleira, permite não só que as organizações que já estão no setor reforcem suas posições na indústria, mas também que as empresas que até então não participavam desse negócio entrem rapidamente no setor, transformando-se em atores privilegiados na construção da cadeia global de suprimentos de etanol. Cabe observar que essa estratégia é pouco arriscada, pois, além de essas empresas possuírem competências operacionais no comércio de “commodities”, elas já desenvolveram um bom conhecimento do ambiente de negócio brasileiro. Ademais, os investimentos realizados são simples e de fácil integração às suas áreas de atuação.

    Outra estratégia privilegiada pelas firmas multinacionais é o estabelecimento de parcerias com grupos brasileiros . No caso de empresas que já atuam no comércio internacional de açúcar e álcool, a exemplo da parceria entre a “trading” brasileira Crystalsev e a gigante americana Cargill, essa opção permite compartilhar recursos e aumentar a escala com a expectativa de se firmar como atores estratégicos da construção do mercado global de etanol. Diferentemente, grupos estrangeiros ainda não inseridos no tecido agroindustrial brasileiro, como é o caso de “tradings” japonesas ou chinesas, podem preferir esse tipo de estratégia no intuito de minimizar os riscos relacionados à falta de conhecimento das regras e práticas empresariais vigentes no Brasil. Para as usinas brasileiras, por outro lado, alianças com grupos estrangeiros representam uma boa oportunidade de acessar os mercados internacionais. Como diversos países, na Ásia e em outras partes do mundo, ensejam estabelecer medidas para adicionar algumas percentagens de álcool anidro à gasolina, é provável que esse tipo de relações empresariais se intensifique em curto prazo.

    Há ainda o caso das empresas de países industrializados que assinaram o protocolo de Kyoto, o acordo internacional sobre redução das emissões dos gases que provocam o efeito estufa: elas provavelmente serão estimuladas a investir na cadeia de etanol brasileiro. É, por exemplo, o caso do Japão, que, através de uma parceria entre o grupo Mitsui e a Petrobras, está buscando garantir uma fonte de suprimento confiável. Um aspecto interessante dessa relação empresarial é que ela enfatiza o desafio logístico do comércio internacional de etanol, uma dimensão crucial para o suprimento global e a credibilidade da cadeia sucroalcooleira brasileira..

    Nesse movimento de diversificação dos interesses estrangeiros na cadeia sucroalcooleira brasileira, a entrada de fundos de investimentos representa uma novidade muito recente. Mais do que novos investimentos num setor em plena expansão, as investidas desse tipo de organizações sinalizam uma mudança nas expectativas. Com efeito, quando ícones do mercado financeiro global decidem apostar em ativos que até então ignoravam, ou quando fundos são levantados com facilidade para investir na aquisição de usinas num país em desenvolvimento, isso reflete certa confiança no futuro e nos lucros que essas decisões poderão auferir. É muito provável que a ampla liquidez internacional que marcou os mercados financeiros globais até a crise atual do mercado de “subprime” incentivou esse tipo de operações. Mas só isso não é suficiente para justificar a entrada de fundos de investimentos estrangeiros na cadeia sucroalcooleira brasileira, e não se pode negar que todo esse aporte de capital é um sinal de que as expectativas quanto ao futuro da matriz energética global estão mudando.

    Os impactos da crescente presença de firmas multinacionais e interesses financeiros estrangeiros na cadeia sucroalcooleira brasileira ainda carece de análises. No entanto, podemos assinalar alguns aspectos que poderão surgir desse processo. Em primeiro lugar, as exportações de álcool, que deslancharam a partir de 2004, devem se intensificar, ainda que importantes compradores iniciais como os Estados Unidos ou a Índia diminuam suas importações ou novos concorrentes apareçam. A implementação do protocolo de Kyoto, as condições de oferta de petróleo e as possibilidades de adicionar etanol à gasolina sem mudanças tecnológicas específicas são forças suficientes para estimular o crescimento da demanda global por etanol brasileiro.

    No plano interno, os investimentos estrangeiros devem acelerar o processo de reestruturação produtiva já em curso. Desde 2005, por exemplo, a recente onda de aquisição já envolveu mais de 20 usinas, das quais mais da metade foram compradas por grupos estrangeiros. Como a indústria sucroalcooleira é ainda bastante fragmentada, o processo de consolidação deve perdurar durante certo tempo. Se por um lado esse processo tende a impulsionar investimentos em usinas de maiores escalas produtivas, a concentração industrial que pode resultar desse processo traz riscos para os consumidores brasileiros. Com efeito, o aumento da escala produtiva e as características do etanol facilitam a implementação de práticas cooperativas e o poder de mercado das empresas. Somada à já concentrada distribuição de combustáveis para automóveis, o processo de consolidação da indústria de etanol pode resultar em preços abusivos e perdas para os consumidores.

    A presença crescente de firmas multinacionais na cadeia sucroalcooleira acarreta não somente uma redefinição da relação Estado-economia no que se refere à soberania e à segurança energética do Brasil, mas também modifica os arranjos institucionais e organizacionais que sustentam a cadeia produtiva. A centralidade de padrões internacionais no que tange às práticas ambientais, comerciais e, talvez, trabalhistas deverá se intensificar, adicionando novos parâmetros ao processo de reestruturação em curso. De modo concomitante, esse processo se tornará mais complexo na medida em que a teia de organizações com possibilidade de atuar na elaboração e definição dos padrões se tornará qualitativamente mais heterogênea. Com efeito, a internacionalização da cadeia sucroalcooleira brasileira lida com a crescente presença de firmas transnacionais desejando estabelecer regras capazes de minimizar as incertezas quanto à oferta de etanol no futuro. Além do mais, essa internacionalização incorpora novos atores nos arranjos organizacionais prevalecentes – sejam eles associações de produtores agrícolas estrangeiros, consumidores, meios de comunicação, ONG's internacionais, técnicos de governos estrangeiros e de instituições globais etc. Como seus valores, interesses e crenças não coincidem nem entre si, nem com os atores brasileiros, os jogos políticos, econômicos e sociais que estruturam o ambiente no qual se discutam os atributos dos futuros padrões do comércio internacional de etanol são incertos e marcados por relações de poder assimétricas. Nesse sentido, cabe perguntar se as diferentes organizações que representam atualmente os interesses brasileiros envolvidos na cadeia sucroalcooleira, em particular os sindicatos de trabalhadores rurais, terão capacidades de participar das agendas de discussão que definirão os padrões internacionais e exercer vozes efetivas quando for necessário.

    A mudança de expectativas em relação ao futuro da matriz energética global e a maior presença de firmas estrangeiras na cadeia sucroalcooleira brasileira representam novas e poderosas forças que estão redesenhando a dinâmica do mundo agrário no país. A complexidade desse processo mereceria maiores conhecimentos para entender, por exemplo, a difusão da lógica energética no mundo rural, as conseqüências sociais e econômicas dos investimentos estrangeiros em usinas e terras brasileiras ou o papel das políticas públicas na regulação desses processos. Antes de enaltecer o papel estratégico dos heróis do agronegócio sucroalcooleiro ou criticá-los de modo convencional, precisamos entender de fato o que essa mudança de expectativa energética implica para o Brasil.



    Fonte: Ambiente Já / Por Georges Flexor,
    Agencia Carta Maior
    Georges Flexor é professor adjunto do Instituto Multidisciplinar IM/UFRRJ e pesquisador do Observatório de Políticas Públicas para a Agricultura OPPA/CPDA
    .



    Fonte: ambiente Já
    Contato (xxx@rebia.org.br)