quinta-feira, 25 de março de 2010

Vazamento do Exxon Valdez faz 21 anos

24/03 - 17:43 - Natasha Madov e Carla Sasso Laki, iG São Paulo



O acidente do navio petroleiro Exxon Valdez, nos Estados Unidos,
completa hoje a maioridade não como um dos maiores vazamentos de
petróleo da história, e sim como um dos mais emblemáticos.

No dia 24 de março de 1989 a embarcação naufragou no Estreito de
Prince William, e causou um derramamento de 40 milhões de litros de
petróleo cru, que se espalhou rapidamente por cerca de 28 mil
quilômetros quadrados de oceano e mais de 2000 quilômetros da costa do
Alasca, e causou uma verdadeira carnificina na fauna local, com a
morte de centenas de milhares de aves marinhas, focas e lontras, entre
outros animais. As imagens de animaizinhos e praias cobertos por uma
gosma preta invadiram o noticiário e alertaram para os riscos
ambientais da exploração de petróleo no Ártico. Os esforços para
recolhimento e limpeza do óleo duraram três anos e mobilizaram 11.000
pessoas, mas as conseqüências ambientais e a batalha jurídica duram
até hoje.


O vazamento do Exxon Valdez foi fatal para milhares de aves
marinhas no Alasca (Foto: Getty Images/National Geographic)

Duas décadas mais tarde, ainda restam 95 mil litros de óleo na região,
a maior parte debaixo da terra, segundo um estudo publicado em janeiro
na revista Nature Geoscience. A baixa permeabilidade do solo e a falta
de oxigenação do mar na região seriam as responsáveis por esse
fenômeno, já que a expectativa era que o óleo se degradasse em alguns
anos.

Cientistas seguem indecisos se é necessário descontaminar o que resta
– alguns acreditam que o melhor seria deixá-lo como está. “De um ponto
de vista ambiental, não há preocupação – desde que o petróleo fique
onde está,” disse o ecólogo sueco Olof Linden, da Universidade
Marítima Mundial, à revista New Scientist. Outros se preocupam com o
risco que correm animais marinhos como lontras, que buscam seu
alimento no fundo do mar.

A ExxonMobil, dona do cargueiro, desembolsou mais dois bilhões de
dólares para limpar os trechos de costa contaminados, 300 milhões em
indenizações para pescadores e habitantes locais, além de 900 milhões
em processos penais dos governos dos Estados Unidos e do Alasca. No
ano passado, uma ação civil de mais 30.000 vítimas do vazamento, que
pedia 5 bilhões em indenizações, chegou à Suprema Corte americana, que
julgou o valor excessivo e o reduziu a 500 milhões de dólares.

O vazamento do Exxon Valdez trouxe várias lições. A indústria
petroleira teve que rever suas práticas, adotando navios-tanque e
procedimentos mais seguros, já que o acidente foi causado por uma
sucessão de erros de sua tripulação. Também foi uma boa oportunidade
para a comunidade científica aprender como lidar com desastres
ambientais – hoje, avalia-se que boa parte dos métodos de
descontaminação usados em 1989 são mais danosos do que simplesmente
deixar o próprio ecossistema lidar com o óleo sozinho, e novas
tecnologias foram desenvolvidas.

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