No início dos anos 60, o Brasil e a França mobilizaram forças navais para tentar resolver uma disputa internacional, na qual lagosteiros franceses foram apreendidos, por autoridades brasileiras, por pescarem lagosta no litoral do nordeste. Este incidente ficou conhecido, na época, como a "Guerra da Lagosta".
Apesar da intensa mobilização naval em ambos os países, a diplomacia prevaleceu e ficou acertado um debate entre a França e o Brasil, em país neutro da Europa, para tentarem um acordo.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil recorreu à Marinha para que esta fornecesse um técnico
O debate foi iniciado pelo representante francês, que intransigentemente oferecia apenas uma solução, que seria a admissão de que o Brasil não tinha o direito de proceder como procedeu e que a França tinha todo o direito de pescar lagosta naquela área de nosso litoral.
Os diplomatas brasileiros, contudo, tentaram estabelecer, com os representantes franceses, que a lagosta seria uma riqueza natural da plataforma continental e que, portanto, pertencia ao Brasil, embora os peixes, por se moverem livremente acima da plataforma, não fossem assim necessariamente considerados, respeitados os limites do mar territorial e os tratados internacionais firmados.
Mas, mesmo assim, insistiam em que a França tinha o direito de continuar pescando lagosta e parecia que o debate jamais chegaria a uma conclusão.
Durante todos estes longos debates, o Alte. Paulo Moreira mantinha-se atento, mas não fazia nenhuma intervenção, e só repondia laconicamente às perguntas de seus colegas brasileiros na referida comissão, que estavam, àquela altura, um tanto decepcionados com o desempenho do seu colega Almirante.
Como havia prazo para encerramento dos debates, chegou a hora das falas dos últimos representantes de cada país. O último francês a falar discursou exaustivamente, defendendo a tese de que a lagosta era apanhada durante seus pulos na água, momento em que, afastando-se da plataforma continental, nestas condições poderia ser considerada um peixe.
O último brasileiro a falar foi o Alte. Paulo Moreira, que calmamente subiu ao pódio e, num francês irrepreensivel, declarou apenas o seguinte:
"O Brasil está disposto a aceitar a tese da França se os dignos representantes franceses concordarem que: Quando o canguru dá seus saltos, pode ser considerado uma ave."
E foi sentar-se. O Brasil ganhou a questão.
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