sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Documento da Secretaria do Meio Ambiente mostra que Estado de SP terá conflito por água em 2020

Uma pesquisa da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo mostra que as bacias do Alto Tietê e dos rios Capivari, Jundiaí e Piracicaba serão palco de conflitos causados pela escassez de água no ano de 2020. Os setores industrial, agroeconômico e urbano vão entrar em disputa pelos recursos hídricos se não houver mudança no uso d’água dessas bacias. A previsão está no projeto “Cenários Ambientais 2020″, divulgado ontem (26) pela secretaria.

“A prospecção do conflito pelo uso da água está calcada nos usos múltiplos, tanto por atividades industriais, como para uso agronômico, como para uso urbano. A demanda por recursos hídricos tende a aumentar não só do ponto de vista inercial, mas a partir do crescimento da atividade econômica também cresce a demanda hídrica, você passa a ter um conflito não só entre bacias em função da transposição entre bacias, mas também entre os setores que usam aquele recurso hídrico”, destaca Casemiro Tércio dos Reis Lima Carvalho, coordenador da área de Planejamento Ambiental da secretaria.

Atualmente, as bacias dos rios Capivari, Jundiaí e Piracicaba transpõem água para a Bacia do Alto Tietê, região bastante industrializada. A área do Alto Tietê, hoje, tem deficit de 80% de recursos hídricos, suprido, em parte, pelas águas transpostas pelo Capivari, Jundiaí e Piracicaba. “Quando os três começarem a demandar mais esse bem, ele tende a não transpor para o Alto Tietê”, explica Tércio.

O conflito em 2020 pelo uso de água nas bacias é considerado como um cenário de referência pela pesquisa, situação mais provável de ocorrer, de acordo com o estudo.

“O que temos que fazer para impedir isso é traçar políticas de economicidade dos recursos hídricos. Temos de ter uma estrutura de economia de água, como na construção civil sustentável, ter projetos com ciclos fechados industriais, seguindo a nova ecologia industrial”, ressalta Tércio.

Para a identificação dos cenários futuros foram consultados mais de 5 mil pessoas e 200 especialistas de diversas áreas. A condução do projeto esteve a cargo da Coordenadoria de Planejamento Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente.

Reportagem de Bruno Bocchini, da Agência Brasil, publicado pelo EcoDebate, 27/11/2009

Visitem o blog da Destruição dos Manancias do Alto Tietê:

"http://averdadedorodoanel.blogspot.com"

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Custos Socioambientais encarecem obras em até 30%

Custo de obras sobe até 30% por causa de exigências ambientais
Rigor da legislação aumenta e torna cada vez mais complicada a
execução de projetos de infraestrutura

Renée Pereira
Estadão - 06/07/2009

O rigor dos projetos socioambientais virou questão fundamental para
que uma obra de infraestrutura se concretize no Brasil. Nos últimos
anos, com a maior pressão sobre o País em relação ao desmatamento, o
peso desses custos cresceu de forma significativa e alcançou níveis
recordes. Há casos em que os gastos chegam a bater 30% do valor total
do empreendimento. Na média, entre obras rodoviárias, hidrelétricas e
portuárias, o custo fica em torno de 15%.

"Daqui para frente, a tendência é essa conta ficar cada vez maior",
destaca o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício
Tolmasquim, responsável pelos estudos de viabilidade econômica e
social das próximas usinas que serão construídas no País nos próximos
anos. Para ele, o fato em si não seria problema se não houvesse o
atraso exagerado para concessão das licenças e a inclusão de uma série
de penduricalhos que encarecem a obra.

Além da pressão de ambientalistas do mundo inteiro e da sociedade, que
está mais consciente em relação ao meio ambiente, as instituições
financeiras têm elevado o grau de exigência para financiar projetos.
Outro fator que tende a aumentar os custos socioambientais é a
exploração da Região Norte do País, ainda bastante preservada em
relação ao resto do mundo, explica a advogada, especialista na área
ambiental, Renata Laborne, do escritório Azevedo Sette Advogados.

Para Renata, esse deslocamento tem colocado o Brasil no centro das
discussões. A pressão, diz ela, provoca um nível maior de exigência
para a implementação do projeto. "Hoje o nível de comprometimento e
requisitos no Brasil é mais alto do que em qualquer outro lugar no
mundo", destaca Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil,
representante dos investidores de energia.

Ele acabou de fazer um levantamento com usinas construídas (ou em
construção) no País e verificou que os empreendedores gastaram entre
11,8% e 29,3% do orçamento da obra com projetos socioambientais.

MACHADINHO

O porcentual inclui a compensação ambiental, de 0,5% do valor do
projeto, recuperação de áreas degradadas e devastadas, reassentamento
das comunidades atingidas pelas barragens e outros projetos, como
obras de saneamento, infraestrutura rodoviária e melhorias para a
população local.

A campeã do estudo foi a Hidrelétrica de Machadinho, construída no sul
do Brasil, cujos gastos socioambientais somaram quase 30% do valor da
obra, de R$ 1,15 bilhão. Parte dos recursos foi gasta com a
indenização de 1.272 propriedades afetadas pela usina. Outra parte foi
aplicada na construção de hospitais, obras de saneamento, áreas de
lazer, como um balneário de águas termais, e até uma igreja para a
comunidade. Além disso, foi replantada 1,1 milhão de espécies nativas.

Para o diretor de meio ambiente da Odebrecht, Sérgio Leão, o aumento
dos custos não representa problema quando todos os projetos estão
identificados nos estudos socioambientais. O que não pode, diz ele, é
a conta subir depois de iniciada a obra. Foi o que ocorreu na
Hidrelétrica Foz do Chapecó, também no sul do País e que entrará em
operação em 2010.

O diretor superintendente da empresa, Enio Schneider, explica que a
expectativa inicial era gastar entre 18% e 19% do orçamento com
projetos socioambientais. "Mas, com o andar da carruagem, esse número
subiu para 23%. Se a gente considerar apenas o custo de construção da
usina, sem seguros e custos de financiamento, esse número sobe para
33%."

O executivo destaca que a previsão era recuperar 1.200 hectares de
área degradada, antes usada pelos moradores para plantação. "Agora o
Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) está pedindo 3 mil
hectares, sendo que a área de supressão vegetal é de 700 hectares."
Schneider, que já passou por outras construções, conta que no passado
o custo socioambiental não passava de 15%. "Na Usina Campos Novos, o
gasto representou 8%."

O diretor de negócios e responsabilidade social da franco-belga GDF
Suez (uma das sócias da Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira), Gil
Maranhão, conta que esses custos proibitivos no sul do País pesaram
bastante na mudança do perfil das futuras hidrelétricas, que não terão
grandes reservatórios. Chamadas de usinas a fio d"água, elas alagam
menos e reduzem o impacto ambiental e o custo de assentamento dos
moradores. "Por outro lado, os projetos estão em áreas sensíveis,
carentes de infraestrutura."

Ele diz que, nas mega hidrelétricas, o porcentual do custo
socioambiental no total de investimento é menor, mas o valor é muito
maior. Na usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, por exemplo, os
gastos somam cerca de R$ 900 milhões - 78% do valor total gasto para
construir a Hidrelétrica de Machadinho.

O setor de transportes (estradas e portos) também embarcou no aumento
das compensações para tirar os projetos do papel. O trecho sul do
Rodoanel de São Paulo por exemplo custou, pelo menos, 20% a mais por
causa das exigências ambientais, diz o professor da USP, José
Goldemberg, ex-secretário de Estado de Meio Ambiente, que liberou a
licença da obra.

O gerente de gestão ambiental da Dersa, Marcelo Arreguy Barbosa, diz
que o Estudo de Impacto Ambiental do trecho sul propôs uma série de
compensações ambientais que foram ampliadas pela secretaria.
"Prevíamos dois parques de 600 hectares para preservação. Isso foi
ampliado para quatro áreas de 1.200 hectares. O custo, de R$ 30
milhões, subiu para R$ 100 milhões." Também foi determinada a
construção de duas sedes para a polícia ambiental, com a compra de 3
lanchas, 31 viaturas e 8 motos.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Rayovac as amarelinhas ainda no mercado.

A poucos anos era comum que indústrias se livrassem de seus rejeitos de formas variadas. Só para se ter uma idéia a indústria de pilhas Eveready, conhecida por “As Amarelinhas”, que se localizava na Via Anchieta, na Vila Guarani em São Paulo, tinha um poço bem fundo onde eram jogadas as pilhas rejeitadas pela inspeção de qualidade da empresa. Hoje nesse local existem prédios. Esse é só um exemplo, já que isso era prática comum das empresas. Eu mesmo, por volta de 1968, trabalhava na metalúrgica Asbrasil, em São Bernardo e tinha a tarefa de despejar produto químico (tricoletinelo), utilizado na ferramentaria para a lavagem de peças, num poço que ficava ao lado do Ribeirão dos Meninos, dentro do terreno dessa empresa. Era a política do gato, ou seja, enterrar e cobrir.

Infelizmente, hoje temos em todo o Brasil e em todo o mundo, principalmente nas cidades industrializadas, milhares de áreas contaminadas. O caso do Condomínio Barão de Mauá, localizado na cidade de Mauá, em São Paulo, onde milhares de pessoas residem sobre uma área contaminada pelos rejeitos da indústria Cofap, não é um fato isolado. Temos a área da Solvay, indústria química Belga, localizada às margens da represa Billings, no chamado “corredor polonês”, que abastece parte da Região Metropolitana de São Paulo, contaminada por caulim, um produto extremamente tóxico. Em Pilões, um bairro de Cubatão, localizado na Baixada Santista, temos enterrado toneladas de rejeito cancerígeno (Pó da China) descartado pela indústria francesa Rhodia. Em Pilões, os moradores que residiram sobre essa área tem a vida encurtada. Isso mesmo, os tumores aparentes destes moradores encurtam suas vidas. Na Vila Carioca temos o famoso caso da Shell, que contaminou toda a vizinhança de sua área de estocagem de combustível. Um caso gritante no ABC se localiza no Bairro Fundação, em São Caetano, onde a Matarazzo enterrou ao lado do Rio Tamanduateí toneladas de Hexaclorobenzeno, o famozo BHC, mais conhecido por “mata rato e pulgas” e mesmo sendo de conhecimento da Cetesb, a mesma nada faz para impedir que no local fosse construido um viaduto. Agora temos uma outra área industrial, antiga Cerâmica São Caetano, que vai se transformar num shopping.

Na Matarazzo de São Caetano ocorreu a 1ª morte no Brasil devido a contaminação industrial, por causa da manipulação desse produto que hoje se encontra enterrado no local. É evidente que outros milhares de trabalhadores já morreram por contaminação industrial, já que essa é uma morte lenta, todavia, o caso do operário morto na Matarazzo em São Caetano, foi comprovado judicialmente como morte por contaminação industrial.

Enfim, esse é um trabalho sério e árduo que precisa estar sendo sempre cobrado por parte da sociedade. No caso da Matarazzo, o próprio promotor de meio ambiente de São Caetano me disse pessoalmente que nada seria construído naquela área, o que não ocorreu e agora eu sou surpreendido com a atitude do Governo Estadual em conceder a cidade de São Caetano o diploma de Município Verde e Azul.

Poderia, ao meu ver, ser de qualquer cor, já que a reação química do solo desta cidade pode variar de cor. Durma-se com um barulho desses, ou com uma contaminação dessas.

José Contreras – Diretor do MDV – Movimento em Defesa da Vida do Grande ABC

sábado, 5 de dezembro de 2009

Aplicativo lê código de barras e indica o nível de sustentabilidade do produto



Por: Guilherme Costa | Categoria: Comunicação, Curiosidades, Entretenimento, Equipamentos, Matérias, TI, Tecno-ecologia, Tecnologia | Tags: Eco-Tecnologia, Empresas Sustentáveis, Sustentabilidade, tecnologia, TI


Consumir de forma consciente nem sempre é fácil. Apesar das boas intenções, muitas vezes é difícil saber quais produtos na prateleira do supermercado são sustentáveis social, econômica e ecologicamente. Para resolver esses problemas o GoodGuide e a Apple criaram um aplicativo que utiliza o iPhone e o iPod Touch para ler o código de barras dos produtos e informar se ele é sustentável ou não.

O aplicativo identifica o produto e indica um número referente à classificação daquele produto segundo critérios como os impactos na saúde do consumidor, respeito ao meio ambiente e responsabilidade social com todos os envolvidos na cadeia produtiva.

Tão simples como escanear um código de barras com um leitor comum, o aplicativo pode ler dados de produtos de limpeza e higiene pessoal, brinquedos e alimentos. Ao selecionar um produto os usuários recebem a pontuação relativa a ele, bem como informações como se ele causa algum tipo de problema de saúde, se gera lixo tóxico ou se a empresa possui políticas de inclusão social ou problemas trabalhistas.

“Ao tornar as informações sobre os produtos mais transparente, GoodGuide busca ajudar as pessoas a compram de forma mais atenta e motivar as empresas a oferecerem produtos cada vez melhores,” contam os responsáveis pela iniciativa.

Assim como no site do GoodGuide, as informações recebidas no aplicativo são baseadas em pesquisas científicas independentes de mais de 65 mil itens de consumo, além dos dados fornecidos pelas próprias empresas.

“O que nós pensamos ser sustentável hoje em dia são apenas miragens”, afirmou em entrevista ao The New York Times o autor do livro Inteligência Ecológica, Daniel Goleman. Ele, que trocou a marca de desodorantes e xampus por causa da iniciativa, destacou ainda que o projeto pode ”ter um efeito revolucionário na indústria e no comércio”, especialmente no que diz respeito à educação dos consumidores.

Apesar dos elogios, o diretor executivo da Sociedade Internacional para a Ecologia Industrial, John R. Ehrenfeld, ressaltou que é preciso ficar atento às informações. “Os consumidores precisam estar muito bem educados sobre o que esses dados significam e se eles irão servir ao propósito que a GoodGuide prega”, explicou também em entrevista ao The New York Times.

Para utilizar basta acessar o iTunes Store, instalar o aplicativo no iPhone ou iPod Touch e seguir o passo-a-passo indicado pelo programa. A boa notícia é que o aplicativo é gratuito e pode ser baixado em qualquer país. A má é que ele funciona apenas com produtos norte-americanos. Ainda assim, você pode instalá-lo e testar nas marcas internacionais que preenchem as prateleiras dos nossos supermercados.